Maria sem João
Maria sem João
=============ErdoBastos
Precisava mesmo era João voltar...
Levou bóia, cigarro e cachaça, saiu pra pescar.
Nunca mais voltou do mar...
"Mãe, cadê painho"?
( Não aguënto mais responder. )
"Iemanjá levou, pras ondas do mar"?
- Todo dia Maria vai a praia,
olha o mar e o horizonte
espera que a vela do barco aponte
e seca os olhos na saia.
Todo dia Maria chora
na Restinga da Marambaia.
Precisava mesmo era João voltar...
A gente até nem brigava
e quase sempre era bom quando a gente se
pegava a namorar na rede. Saudade, João...
Saudade do cheiro de mar.
A vida vivia alegre e saliente quando João tava
com a gente.
Os filho acordava ele e ele sorria pra já,
pegava o menor no colo, corria pra lá e
pra cá.
Tomava café na caneca azul e sentava
pra coze rede no quintal. Arrumava as malha
rompida, cantando... E ia pro mar.
E voltava com peixe, fazia dinheiro e trazia
presente.
Era umas boneca pequena, uns carrinho, tudo
bobagem sem valor, só o valor da alegria que
dava de ver os pequeno brincando e rindo.
Trazia sempre um pano, um carinho e
um agrado. Trazia comida e as encomenda.
Saudade de comer com João.
Saudade de comer João.
Saudade de comer.
Os tempos andam difíceis. Sem João ficou pior.
- Todo dia Maria vai a praia,
olha o mar e o horizonte
espera que a vela do barco aponte
e seca os olhos na saia.
Todo dia Maria chora
na Restinga da Marambaia.
Precisava melhorar as coisa, vesti as criança
melhor, compra sapato fechado pra maior que
tá mocinha e não gosta de chinela.
Precisava trocar umas telha. Consertá a cerca.
Precisava puxar com mais força as orelha da
Aninha, que já anda fazendo graça.
E tirá de perto dela este soldado de olho comprido...
Comprido e correspondido, valha-me Deus!
Precisava espanta esta minha solidão também.
Precisava chamego e dengo.
Precisava daquela risada que enchia o ar,
que enchia a casa de música, que enchia a noite
de alegria e prazer.
Precisava dançar e rir pra vida ficar melhor.
A vida hoje é trabalhar e sofrer. Esta saudade
grudada que entontece a cabeça, não deixa
pensa, e a vida fica sem motivo.
A vida perde a cor.
Precisava mesmo, era João voltar...