Nunca escondi do mundo minha tristeza e nunca fiz dela lamento, não por vaidade, mas por respeito aos meus amigos, vez por outra há uma troca de desabafos sempre seguidos de consolo, mas isso é com alguns poucos que nem considero amigos, mas irmãos.
Passei horas em minha varanda olhando as luzes distantes, não do céu, mas da cidade, o neon mudando de cor; tudo tão distante quanto às estrelas do firmamento. E então a solidão dominou-me de uma forma tão pungente que fez meu coração doer, não sabia o que pensar, como agora também não sei... Estou aqui parada olhando esta folha branca, e mais uma vez a folha me define. Vazio... Mas há no vazio tantas oportunidades, tantas possibilidades de preenchimento, mas quero as cores certas para este quadro, quero os versos certos para este poema que é minha vida, e hoje eu que sempre me coloquei a disposição do mundo, parece que o que quero é apenas eu mesma, ser a rosa e o escaravelho, o sol e a lua em um eclipse eterno, mas diante este desejo há outro fator potencialmente complicado, o escaravelho e a rosa somam morte, o sol e a lua eclipsados somam escuridão.
Eu... Sei que a cor que busco e o verso perfeito que tento compor esta aqui dentro de meu ser, não nos lumes noturnos da cidade ou do firmamento.
Posso ser triste, mas não infeliz... Posso ser alegre, mas não feliz; danço esta musica de notas estranhas e deixo-me guiar pelas mãos da vida...
Eu, peguei carona na calda de um cometa e cai...Um mundo tão belo, tão cheio de pessoas e chances, mas ele gira tão rápido e eu me sinto desnorteada entre as pessoas, faço tudo sem ter noção que estou fazendo, porque sempre estou pensando no poema perfeito, sempre pensando na cor certa e como pássaro de uma asa só, canto uma saudade que se eterniza nas notas que se perdem nas dobras do tempo...Sim talvez seja isso, nascer com a consciência de que fui projetada para voar, mas não posso, pois uma asa apenas tenho.