A Paineira

Foi em uma manhã fria de julho, que Ele acendendo um cigarro, olhou para o céu de um azul lindo sem nuvens, suspirou fundo e olhando para todos os lados como que admirando a paisagem exclamou em forma de pedido:

- Diga a todos, que todos os dias eu penso neles olhando e admirando essa maravilha da natureza..., é assim que me desejam bom dia, - (aspirou profundamente e continuou) – dando-me esse ar puro com fundo musical das águas desse riacho, e creia é assim que desejo bom dia aos que Amo quando meu pensamento voa até eles...

Também eu, “corri” o olhar ao derredor e constatei que realmente o lugar é lindo demais. Na verdade Ele que me fez perceber cada detalhe da natureza ali existente... Flores diversas, plantas nativas, um riacho de água cristalina, uma ponte de dez metros que nos leva do Estado do Rio de Janeiro a Minas Gerais, onde uma paineira imponente na margem Mineira do riacho é testemunha viva dos acontecimentos desse paraíso terrestre.

E fitando a paineira Ele continuou:

- É... Fico a imaginar ela ainda pequena observando o vai e vem das pessoas na ponte, vendo tudo de baixo pra cima, assustada, amendrotada... Há quanto tempo estará ela ai? Hoje imponente, majestosa, domina a paisagem agora observando tudo de cima prá baixo. Talvez rindo, (árvore ri?), antes era pequena e via tudo grande, agora ao contrário, tudo lhe parece pequeno... Quantas histórias ela presenciou? Quantos amores nascendo e quantos amores chegando ao fim? Ela, a paineira, sabe mesmo de tudo, é com ela que converso todos os dias silenciosamente... Contei-lhe algumas coisas do meu passado, as boas e as ruins também, mas não contei tudo com medo que ela não gostasse de mim... Do meu presente ela sabe tudo... Sabe quem amo! Sabe quem é o meu Amor! Sabe das minhas saudades! Ela, a paineira, sente quem gosta e quem não gosta de mim! Da mesma maneira que fico daqui admirando-a, após percorrer toda essa paisagem com meu olhar até nela permanecer olhando hipnotizado, ela também me olha, sente a minha presença e sinto que Ela gosta de me ver admirando-a... Na verdade somos cúmplices, Ela é a minha confidente... Repito, conto a ela sem dizer uma palavra tudo o que sinto, ela só não consegue enxergar e enxugar as minhas lágrimas de saudade... (penso às vezes que ela finge não ver minhas lágrimas). Mas veja o brilho do sol por entre sua folhagem? Os raios do sol passam por ela lembrando a Misericórdia de Deus... E como se fecha como protetora quando o tempo carrancudo se fecha e chora em forma de chuva. Diga a todos onde me “escondo”. Diga que tenho saudade e que um dia irei voltar. Mas diga que quando eu voltar daqui levarei saudade de tudo, principalmente dela, A Paineira Confidente que entende o meu jeito de viver, de amar, que me observa dia após dia sem nada me cobrar e ainda encoraja-me a seguir adiante. Eu sinto a voz dela em meu coração dizendo: “CRESÇA SEU MOÇO, COMO EU CRESCI, SILENCIOSA, E, QUANDO FOR GRANDE COMO EU, OBSERVE, ADMIRE, E DÊ GUARIDA A TODOS QUE PASSAREM EM SUA VIDA, COMO DOU, SEM NADA PEDIR EM TROCA, A TODOS QUE CRUZAM ESSA PONTE!” Essa é a minha vida aqui, essa é a Minha Paineira...

Terminou seu cigarro, suspirou mais uma vez longamente, disfarçadamente enxugou uma lágrima do rosto e voltou para seu trabalho, com um sorriso contagiante nos lábios como que abraçando todos os clientes de sua “Mama Felice”.