Paráfrase

Ando construindo e demolindo teses de sobrevivência.

Com frequência observo que o que imagino ser novo em mim, nem sempre é bom,

Além do que constato que o que penso ser bom, não é necessariamente novo.

Até agora não fui sequer premonitório,

E o meu espanto, quando há, é meramente retórico.

Mas isto se configura apenas em detalhe, posto que, como já dissera o poeta,

‘A retórica está na língua de quem ama, de quem engana e de quem tem necessidade’.

O que resulta em desespero, no entanto, é essa dependência que tenho de mim,

E nela, enxergo-me como autofágico escasseando as últimas reservas.

Por isto que em minhas catilinárias, ouso parafrasear Cícero e indago-me:

Até quando, enfim, abusarás da minha paciência? Por quanto tempo ainda esse teu rancor me enganará? Até que ponto a tua audácia desenfreada se gabará de mim?

Oxalá pudesse aguentar a prosperidade com autocontrole e a adversidade com mais firmeza,

Mas não tenho conseguido, e nem sei se algum dia hei de conseguir.

‘Vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento’, ‘Desventurado homem que sou! Quem me livrará?’ Exclamo.

Daí a minha maior carência: a de Ti.

E se é vero que não resistes ao meu arrependimento,

Declaro-me arrependido agora, sem saber, todavia, se estarei logo mais.

Careço da Tua urgência!

Ou melhor, clamo.

Por Magno Ribeiro em 16/9/2013.

MAGNO RIBEIRO
Enviado por MAGNO RIBEIRO em 16/09/2013
Reeditado em 16/09/2013
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