DEZESSETE E TANTOS

Há uma imensa diferença entre termos dezessete, trinta e tantos ou quarenta e tantos anos. Aos dezessete, temos o brilho da juventude, temos os sonhos todos, assim como a leveza da vida e a ousadia própria da juventude, que a faz livre de amarras e medos e preconceitos, que permite sentir tudo ao mesmo tempo, sem que para isso seja necessário qualquer compreensão das coisas, afinal os jovens têm todo o futuro para qualquer coisa que queiram fazer, aprender, criar, recuperar ou compreender. Aos trinta e tantos, temos o discernimento sobre as questões da vida, entendemos os motivos que nos fazem produzir, construir, poupar, estudar, solidificar. Aos quarenta e tantos, vivemos a plenitude, pois somos capazes de juntar experiências, observar os detalhes, experimentar coisas novas e tranquilamente abrir mão de outras, somos capazes de usar a serenidade, de extrapolar se necessário, de gritar e conter emoções na mesma proporção e medida, seguimos pelo caminho do meio sem a necessidade de deixar os extremos, porque aprendemos a passear entre eles, e isso representa ter equilíbrio.

Há pessoas que têm um grande problema com a idade, algumas nunca as dizem verdadeiramente (risos), outras envergonham-se da aparência, e não falo somente das mais velhas, pois há inúmeros casos de jovens que gostariam de ser mais velhos por infinitos motivos (risos).

Entretanto eu, num paradoxo, não tenho qualquer dificuldade em "dizer" a minha, mas confesso que tenho, sim, um grande problema com idade, afinal sou um tanto retardada (risos) porque nunca saí dos dezessete, e por isso me sinto afortunada, pois trouxe para a plenitude dos meus "tantos" anos, a leveza dos dezessete e toda a sua irreverência e ousadia, que me faz a cada dia começar tantas outras coisas, e recomeçá-las quantas vezes forem necessárias. Ouso dizer que o misto que se formou em mim, me permite notar as belezas da vida e vivê-las intensamente ao mesmo tempo, sem receio, sem rodeios, e isso faz com que nada de bom e belo me escape, e por essa razão, eu percebo a beleza das flores, ao mesmo tempo em que percebo as estrelas e a lua numa noite de verão, e vejo a grandeza das coisas simples ao mesmo tempo em que sinto toda a leveza da mais calma das músicas, mesmo gostando de rock and roll (risos).

Inês Dilela
Enviado por Inês Dilela em 09/09/2013
Reeditado em 18/11/2017
Código do texto: T4474091
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