“...vincos de madeira nobre.”

Casa nova

Abrindo as portas de uma casa nova, uma porta velha de uma casa antiga

De madeira tão velha

Não fantasiarei além disso, me desculpe, só vejo o que sinto que vejo

Era mogno, antigo mas seu valor ainda ereto já justificava muito do que paguei

Investir meu desejo no que há de tão novo pra mim, mas bem desconsiderado para alguém

Sabe lá porque o dono não quis, deixou a mostra como uma boneca qualquer

Mas se justificando pelo mogno.

Foi bem nisso que nos encontramos

Gostaria de uma casa, não precisava ser lá tão moderna, acho tudo aquilo de aço uma verdadeira chatice, é quase uma mentira !

A madeira não se envergonharia de envelhecer, uma vez que esteja consciente de sua força, da árvore que foi e da energia que capta e emana

Isso independente é claro dos moradores da casa, ou do que farão destes quartos e sala.

Batia em mim, e isso era bem pessoal, um quase pedido de bom grado

Que eu ainda fizesse sentido sua força e sua nobreza

Marrom, continuará ai erguendo aquilo que alimento como casa, pois faz tão jus ao seu motivo , ainda forte está , bem visível, sem precisar que ninguém Veja bem, isso faz , o que? 2 anos?

Não importa;

Serão paredes que abrigarão certos seguedos, sonhos, com certeza mais perecíveis e frágeis que vc

A casa quase como uma entidade silenciosa, que sem dúvidas sobre suas razões , do porque é possível ser vista, ou dúvidas quanto sua na sólitude

Não por mim, muito menos por quem a criou

mas porque por parte destas madeiras não existe dúvida quanto sua natureza

Forte e , do que depender, quase eterna

Desta sala cheia de folhas , poeiras, cocô de rato,

Nestes quartos

Muitas teias, muita terra, muita poeira

A casa está cheia , vazia de gente, vulnerável para a habitação de qualquer um

Os papeis são tão fantasiosos quanto um sorvete de tutti -rutti azul

E é tão ridículo sentir-me espantada se olho para o que há de mais real, com esse espanto todo

O real das teias de aranha, cocô de rato, de morcego

As próprias aranhas

Miquinhos

Janelas

Portas

Maçanetas

Chaves

Vincos

Madeira nobre

Tijolos expostos

No final das contas

Tinha minhas bases sólidas, eternas e independentes se eram vistas ou consideradas

Eu tinha uma estrutura, uma casa, real, palpável

Suja e bem diferente da que no papel, na fantasia

Como então dar o recheio?

Com que moveis, plantas, pessoas

Do que irreal e bom que o dinheiro compra

Para onde eu olhar na casa

Verei , eu sei

Para além dos moveis

Minhas paredes e vincos de madeira nobre

E o resto que se foda na alegria ou na tristeza

Até que a morte nos separe

Até que seu papel, ainda que fantasioso mostre

Numa faísca de sensatez ao jovem comprador

“...vincos de madeira nobre”

KarineFerreirap
Enviado por KarineFerreirap em 03/09/2013
Código do texto: T4465342
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