Indiferença

Atravesso a noite, nua, vazia e fria.

Quem dera me trouxesse a noite outra nudez,

Quem dera fosse ela intensa, quiçá aquecida.

Resta-me a imaginação.

Dela, a tua geografia,

Nela, reforço os teus traços,

Dispo os meus pudores,

Exagero nas cenas,

E entrego-me as imagens que invento.

Manipulo meus desejos,

Enxergo-te nos movimentos,

Inalo teu cheiro,

Usufruo arrepios, experimento tremores.

Noutro plano e por um instante, sou a junção de duas partes:

A minha, a tua.

Agora, desacelerado,

Saboreio a tua indiferença,

E adormeço.

Magno Ribeiro às 03:58hs de 5/8/2013

MAGNO RIBEIRO
Enviado por MAGNO RIBEIRO em 05/08/2013
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