Nem Narciso e nem Eco
Não me encantei por mim diante de um espelho!
Nem pretendo ser Eco refletindo vozes nos vales das montanhas!
Quero simplesmente fazer uma viagem dentro de mim?
Quem sou eu? Um ser humano que ama!
Mas esqueci que tenho um " eu " sedento,
De ser amada por mim mesma!
Tentarei como vi ontem num comercial,
Fazer um retrato falado de mim mesma!
Com algumas modificações,
Pois hoje estou bem diferente!
Os cabelos cortados estilo Chanel!
Com retoques de tintas,
Pois teimaram em ficar brancos!
O rosto continua aquilino,
Não sorrio com o mesmo sorriso de antes!
O corpo, embora envelhecido,
Não me envergonho da minha nudez!
Amamentei três filhos,
Uma irmã adotiva e uma sobrinha,
Mas continuam firme,
Nem penso em silicone.
Celulite e estrias? Quem sou eu?
Continuo com o mesmo peso,
Com a doença perdi peso,
Mas tudo voltou ao normal!
Nariz afilado, olhos castanhos!
Por que estou agora a tentar fazer meu retrato falado?
Somente por ter visto aquele comercial?
Não me tornei em uma Eco!
Não tenho que repetir como eu sou!
Não saí agora das cinzas,
Não me tornei lavas expelidas de um vulcão!
Descobri que sou simplesmente eu!
Me tenho que me conhecer melhor,
Cuidar mais de mim,
E tentar descobrir que dentro de mim
Existem grandes emoções,
Talvez um pequeno carvão,
Que da minha inutilidade ,
Posso fazer dele um diamante!
E oferecer ao meu amor, que tentei em vão,
Guardar em segredo dentro do meu coração!
Vou agora até um espelho
Me olhar com outro olhar,
Trazer de volta minha auto estima!
E não vou voltar a gritar como Eco,
Nem num Narciso, pois no meu mundo,
Não existe uma deusa de nome Liriope,
Existe sim um ser humano que ama,
Cujo nome é Edir, que tenta desvendar segredos,
Que tenta amar a si mesma ,
Mas que o amor de tão grande,
Jorra, sem querer palavras ao vento,
Tal qual a Eco, e vai ser ouvida,
Por seus amigos,
Que ela guarda no peito,
Cercados de amor!