Tal qual uma aranha
O que fiz na vida?
Talvez, o que sempre faz uma aranha!
Escolhe um lugar,
E fica ali a tecer, tecer!
Ela constrói sua teia com a fiandeira,
Que fica debaixo de seu abdômen.
De vários tubinhos saem um líquido,
Que ao contato com o ar,
Se endurecem formando sua teia!
Dali de sua morada,
Fica a cata dos insetos,
Aprisionados, serão seu alimento!
Mas o que tem minha vida a ver com uma simples aranha?
Eu não construi uma teia,
Já disse: " minha casa não é minha" ,
Quanto mais a teia que ousa crescer no teto do meu quarto!
Quando ela bem entender,
Muda de lugar, ou mesmo de quarto!
Eu fico, aqui, escrevendo,
E ela lá tecendo!
Ela aprisiona os insetos,
Pobres indefesos,
E eu aqui a observar!
Quisera tecer minha vida,
Como a Moça Que Tecia!
Mas um dia ela se arrepende,
Vai puxando fio por fio,
E sua vida desmanchando!
De que adiantou?
Tudo voltando ao seu lugar!
Li que o macho da aranha,
Por querer agradar sua amada,
Ele mesmo constrói a teia,
E ali ficam os dois a namorar!
Eu não tenho esse companheiro,
Fico só neste meu canto,
Tecendo sonhos,
Sonhos que ao acordar,
Vejo que estou cada dia mais só!
E eu não queria, juro,
Desse sono acordar,
Sem o sonho,
Sem um rosto,
Sem um nome,
Que eu não pude dar!