Bella Fábula
Em uma terra distante
Um jovem determinado
De vida inconstante
Resolve descobrir algo já acabado.
Manuseando escritos
Folheando arquivos
Espantando mosquitos
Vê que seu avô foi altivo.
O segredo de uma floresta
Que abriga mistérios
Não somente resta
Como é abolida por muitos monastérios.
É contra a religião
Dizem os religiosos seus
Acreditar em um anjo pagão
E não em Deus
O documento
Fala de uma mulher
Em um local secreto
Aonde ir, ninguém quer.
A musa tem a verdade
A verdade sobre a vida
Será isso realidade
Ou só mais uma história enxerida?
O jovem resolve verificar
Arruma seu material
O caminho vai enfrentar
Sem medo de nenhum animal.
De caráter frio
A floresta abriga
Árvores em forma de trio
De rapariga.
Os caminhos se fecham
O jovem encontra um portal
As partes se cruzam
Em um grande jogral.
Ó grande jogral
Quer o que de mim?
Minha via é unilateral
Deixem-me assim.
Não vamos deixar, não
Para entrar aqui precisa estar são
Senão
Seu fim será em vão!
Procuro a verdade
A musa da natureza
Bella sem maldade
Há muito de ser minha realeza.
Para ver
Você precisa crer
E não apenas ler
Um velho papel que di-la ser!
Acredito sim
Tenho amor
Não tê-la será meu fim
Posso até sentir o horror.
Então passe
Mas não volte
Vamos ver se consegue
Voltar alegre.
O jovem continua seu caminho
Assobiando agora
Avista qualquer passarinho
Que o canta na hora.
Que queres aqui, idiota?
É mais um que quer matar a musa?
Saiba que ela não é Carlota
Não pense que isto é mais uma história lusa.
Olá, ave canora
Posso-lhe dar uma cenoura
Minha alma aqui é caloura
Não me confunda com uma moura.
Esta floresta é cercada
Para proteger o nosso tesouro
Não deixará uma pessoa desalmada
Pegar nosso ouro.
Quero apenas amá-la
Na verdade, já a amo
Estou indo buscá-la
Pelo seu nome, eu chamo.
Então poderás ir
Mas aqui é diferente o perigo
Não ouse fugir
Ou nunca ela o terá como marido.
O espaço diminui
A noite cai
O rio flui
Mas o jovem ainda vai.
Andando na mata densa
Vê uma mulher exaurida
Logo pensa
Minha querida!
Bella, és tu?
Minha procura foi breve
Venho do sul
Pego seu corpo leve!
Bella é feia
Feia é Bella
Maldita deusa
Deusa maldita.
Então quem és?
Que fizeste dessa maneira, lazarenta?
Merecido foi seu revés
Sua atitude é nojenta.
Eu era uma aventureira
Apaixonada pelo espírito da natureza
Pensei em encontrar na algibeira
O segredo da minha beleza.
És feia então naturalmente?
Já nascestes assim?
Anda de jeito dormente
Não é alguém afim.
Estou velha, é o que me resta
Cansada, vivendo
Procurei a juventude nesta floresta
E acabei me perdendo.
Vieste com o coração vazio
Sem cordialidade nada alcanças
Agora morrerá de fome e de frio
Nem que te encham mil panças.
Por favor, dá-me seu amor
Para viver ele eu devo querer
Dali conseguirei sair daqui
E no norte eu tentarei a sorte
O jovem de coração cheio
Em um devaneio
Deu um pouco do amor
Para que ela fugisse com ardor.
Apesar de estar agindo por paixão
A paixão era egoísta
O velho peão
Faria uma visita.
Alto! Quem vem lá? - Sou eu, deixa passar!
Quem é você? - Não vai querer saber
Sinto seu amor – Sabe que tenho pudor!
Tem nada – Amor é a minha morada.
Velho, deixa continuar – Daqui não vai avançar.
Não entendo o porquê – Olha para você!
O que há de errado comigo? – Seu amor é apenas consigo!
Meu amor é para Bella! – Assim, nunca tocará nela.
Tenha bom senso – Meu amor já é meu senso!
Você é egoísta – E você um pouco machista.
O amor deve ser universal – Já prometi isso ao jogral
Não apenas entre dois – Quem tu, afinal, pois?
-Qual! Do Relâmpago, eu sou o Fantasma
Apareço apenas nas noites longe do lar
Sinta sua última lástima
Pois no momento de luxúria eu vou te levar.
Velho, não se preocupe
Tenho muito a ver
Me escute
Aqui, ninguém vai morrer!
Um forte trovão te pegará
Um raio de fulminará
É ver para crer
Nem acreditará quando morrer!
O jovem ficou apreensivo
E também assustado
Carregaria o medo consigo
Esse seria seu fardo.
Podia ouvir o jogral e o pássaro cantarem
Canções tristes
Se eles o matarem
Como não será maldoso, ganhará chifres!
Ouve-se música fria
Uma sinfonia
Talvez da Andaluzia
Cheia de magia.
O jovem se aproxima
Quer entender o que se passa
Os sinos são feitos de parafina
Com realmente muita massa.
Ali via-se vários duendes
Todos dançando
Todos eram entes
E à uma só voz, cantando:
Quer a musa, quer?
Precisa morrer para conseguir
Para conseguir precisa morrer
Morrer para conseguir!
Apenas procuro a verdade e o amor santo
No seu seio quero estar
E é por isso que vos canto
Bella, onde está?
Bella, Bella
Não tem nem escuna!
Para ver Bella
Precisa antes agradar Luna.
Que rio é este que devo navegar?
E esta Luna encontrar?
Que coisas vou achar?
Que fatos esperar?
Se conseguires, se conseguir
Bonito será seu feito
Maldito será o peito
Se dele, leite não sair.
Do que falas, não entendo
Diz de Bella ou de Luna?
Tira-me desse medo horrendo
Bota-me logo na tal escuna!
Tens que agradar o velho
O Fantasma do Relâmpago
Diga-se que se chama Violoncelo
Talvez agrade o Mago!
Me orientem, amigos
Que eu vou ser eternamente grato
Me avisem dos perigos
Para que eu aja como qualquer rato.
O recado já foi dado
Agora a você cabe
Fazer o achado
Você que sabe.
Andou, cheio de perguntas
O jovem pensante
Sentiu dor nas juntas
E ouviu o mandante.
Uma voz grossa
E musical
De harmonia insossa
Porém genial
Garoto, sê esperto
Não ouça os anões
Fica ereto
Bella te dará muitos corações.
Quem me fala?
Preciso ficar a par
Pois da vala
Eu preciso escapar!
Não pegue a escuna
Corte caminho
Não precisas ver Luna
Juro que meu conselho é bonzinho.
Diz-me para contrariar
As ordens dos sábios
Mas como vou acreditar
Nos seus lábios?
Seu avô passou por mim
Ele me ouviu
Sua aventura chegou ao fim
E no final, ele a concluiu!
Meu avô apenas deixou escritos
Que ficaram aos mosquitos
Ele falhou em encontrar Bella
Talvez por ter te ouvido, tagarela!
Faze o caminho dele
Bella há de achar
A verdade está nele
Pode confiar!
Pois não confiarei em ti
E cala a boca
Suma daqui
Ou acendo a chama louca.
Verás o que faz, tolo
Meu caminho é breve
Atravessará o lodo
E morrerá antes de chegar à sede!
Continuando pela via tortuosa
O jovem sem perder a ternura
Acompanha-lhe uma estrela honrosa
Não lhe permite captura.
Olha para a lua
Reza-lhe uma prece
Protege-me da dura
E de tudo que me aparece!
A lua é muito brilhante
Até azulada
Tem feições de uma amante
Esperando pelo marido na sacada.
Uma borboleta lhe aparece
Pousando o agracia
Dos medos esquece
Concordou com o que fazia.
Voou até o chão
Transformou-se em um cão
Avisou-lhe que o guiaria
Mesmo diante da situação mais sombria.
E quem me envia essa dádiva?
Uma bela preta cadela
Para espantar toda a lástima
Me lembra até a história da Cinderela!
Pois, meu caro
Eu sou Luna
E com meu faro
Encontro até agulha em duna!
Ó, Luna, porque vieste?
O que fiz para merecer sua graça?
E que forma diferente
Não compreendo sua raça.
Da lua eu sou o espírito
Aliada com Bella eu mostro a via
Quem me vê é por mérito
Não por livros que lia!
Foi por ter me livrado da tentação?
Do velho infame?
Do jogral grandão
Ou devo vencer um lutador em tatame?
Lutador você conhecerá mais para frente
Agora só me siga
E fica rente
Para que aos anjos não diga.
Não vou morrer! – Mas te disseram para!
Como alcançarei sem sofrer? – Terá que passar pela fina vara!
E o que devo fazer? – Ir comigo até a escuna e a sala!
Luna? – A escuna!
Sobe na barca
Luna o diz
Fecha a matraca
Até encontrar o chafariz!
O barco segue sozinho
Atravessa o largo rio
Estranho vai ficando o caminho
De um gato, ouve um mio.
Gato gatuno
Aparece na sua frente em cima dos canos
Vem direto de Saturno
Para lhe destruir os planos.
Miau! Quem és, aventureiro?
Procurando pelo que?
Sou de pouca rima
Penso deitadinho no meu travesseiro!
A cachorra mandou não falar
E assim vou ficar
Até o chafariz achar
Então vá se castrar!
Ora menino, não seja por isso
Luna só diz asneira
Pula do rio e deixa de besteira
Que lá no fundo encontras ouro maciço!
Vá, vá agora
Já é dada a hora
É melhor você se calar
Ou suas sete vidas vou tirar!
Seja para mim um rapaz bom
Ouça o som
A lua te ilumina
Não me fascina!
Ó esperto gato
Peço-lhe por favor, dou-lhe até um prato
Vá caçar algum rato
Longe daqui, no meio do mato!
De repente, a lua escureceu
O rio, a luz não mais refletia
O gato se escafedeu
Era exatamente isso que eu queria!
Agora, contigo Luna está furiosa
Te disse para se calar
Mas comigo você quis tagarelar
Agora fique na escuridão tenebrosa!
A escuna algumas vezes bateu
Em pedras, quase rompeu
O jovem estava desesperado
Que resolveu se fazer rezado.
Luna, você pode me ouvir?
Eu falei para o gato se calar
Eu não posso me perder aqui
Da sua ajuda, novamente vou precisar!
Eu disse para você ficar quieto
Tivesse ouvido o gato em silêncio
Não fez o que é certo
Você não merece o inocêncio!
Luna, eu estou perdido e sozinho
Eu peço sua ajuda
Você poderia me mostrar o caminho?
Esta é sua última oportunidade
Mas aproveita a minha luz
Se falhares de novo, só a verá na cidade!
E a lua voltou a brilhar
O jovem pôde navegar
O agora violento rio desbravar
E as cataratas atravessar
Uma grande cachoeira
Com muitas pedras
Ele teve de descer calado como uma freira
Suas palavras não podiam nem ser lerdas.
No silêncio ele se reserva
Já no caminho mais calmo
Vem na testa
O pequenino Lacerda.
Olá, olá!
Eu sou o Lacerdá!
Eu posso te ajudá
Ou no seu ouvido eu vou zumbizá!
Porque comigo não falas?
Então vou te picar
O seu sangue vou tirar
E para casa vai voltar, prepare suas malas!
O mosquito, que era maior que o normal
Começou a dar voltas
Um irritante animal
O jovem quase não segurava as pontas
Em um momento de distração
O pernilongo o picou
Sentiu uma dor e coceira do cão
Agora começa o show!
Foi acometido por alucinações
Caiu no chão agoniado
E a ele vieram várias revelações
Do seu avô já finado.
Descobriu que ele pegou o caminho da trapaça
Conheceu Bella
E transformou tudo numa caça
Ele queria ela.
Mas o espírito da floresta não pode ser prendido
E essa foi a sua ruína
No final, viu-se com tudo perdido
Na saída de uma mina.
Voltou para casa
Lá descreveu suas aventuras
Gostaria de ser um ser de asa
Com todas as luxúrias.
Até a mina, resolveu ir
No fundo um monstro encontrou
Não teve tempo de reagir
O ser o decepou
Avô, porque fizestes isto
Se perdeu na ganância
De ter a perfeição na ânsia
E pelos deuses, foi visto!
Agora entende, meu garoto?
Siga as regras
E não ofegas
Senão terá um final torto.
Ó, Luna, me guie
Sem sua ajuda não conseguirei
De clemência eu precisei
C’est La vie!
Menino, eu te amo
Bella sabe que a procura
Perto dela, seu nome eu chamo
Apenas não caia na loucura!
Próximo está o chafariz
Cuidado onde mete o nariz
Por você eu vou olhar
Mas as decisões, você é que irá tomar!
Luna, agradeço
O chafariz já vejo
Me dê o caminho
Mas em mim pense com carinho
Para o próximo devo saber
O que devo fazer!
Para que Bella eu possa alcançar
E assim não chorar!
Em terra, o chafariz
Não cedia por um triz
O jovem foi orientado para lá
Mergulhar.
Atravessando a nado
O outro lado alcança
Chegou em um largo
Um pântano que na entrada possuía uma lança.
Luna, é impossível
Não me permite passar
Este pântano não é medível
Da sorte, preciso eu de um colar.
Para não enfrentar esse lodo da morte
Você deve entrar na mina e ir
E lá estará lançada a sua sorte
Pois minha luz não pode mais te cobrir!
Minha guia, com o que contarei então?
Encontrarei algum anão?
Ficarei sem chão
Serei morto mesmo por um zangão!
Lá encontrará Alexandre
O bravo guerreiro
Sua coragem é grande
Destrói com as próprias mãos até um celeiro!
De Luna sem a proteção
O jovem apreensivo ficou
Sentia como se estivesse fazendo uma operação
Mão de todos seus artifícios lançou.
Ei ei, aí!
Quem desce daí?
Prepare-se, mesmo que seja uma manada
Para sentir o corte da minha espada!
Alto!
Sou protegido de Luna
Por mim, ela desce do salto
Para chegar aqui, atravessei a laguna
Mais um desbravador?
Cuidado, amigo
Essa floresta também abriga dor
E o perigo!
Conhecer Bella, é para isso que venho
Luna me disse que tu ajudarias
Trate-me sem desdenho
Não é o que tu farias?
Bem, bem
Minha amizade você não fica sem
Se Luna te cobre
É por um motivo nobre!
Preciso passar desta mina
Chegar ao outro lado
Este é meu fardo
E me perder logo aqui seria minha sina!
Cuidado, cuidado!
Não sabe o que te espera do outro lado!
Aqui eu seguro um monstro
Que talvez tenha sido privado de colostro!
Protege-me, guerreiro
Sou apenas um aventureiro
Procurando o seio
De minha amada.
Ouve-se um estrondo
A criatura está vindo
Seu grunhido é longo
Como o de uma mãe parindo.
A espada de Alexandre é mera imagem
Ele não a utiliza, sendo de muita frieza
Sua arma é a coragem
E age com sutileza
O monstro se aproxima
Dos nossos amigos chega perto
O que te trazem de lá de cima?
É melhor que o motivo seja certo.
Ó, criatura forte
Este jovem caminhante
Veio do norte
E não quer ser errante!
Alexandre, Alexandre
Acreditas neste vagante?
Vai, ignora
Coloca-o para fora!
Azrael, se ainda assim atende
De Luna ele é amigo
Veja se entende
Ele traz puros motivos consigo!
Eu sou Azrael, o anjo da morte
E a sua vida eu vou tirar
De acordo com a sua sorte
É melhor se preparar, pois vou eu te ceifar!
Tende piedade, ó criatura
Vire-se sua forma original
Este sua cara não me assusta
Bem como nenhum animal!
A criatura diz se mova!
Formando uma grande ventania
Se diluindo em monte de anchova
E depois formando uma imagem feminina para esta alegoria
Gosta do que vê nesta vida
Eu nasci para deusa aqui ser enviada
Só que pelos deuses fui punida
E em um anjo justiceiro fui transformada!
Dai-lhe a então a justiça!
Seu amor é maior!
Ele não é coberto pela cobiça
De seus sentimentos é o menor!
Alexandre, muito bem
Com ele vou ser piedosa
Só que escapar ileso fica sem
Pois eu sinto aqui na minha ventosa
Que do limite do pecado ele já foi além!
Não diga isso!
Jovem, para ver Bella você tem de ser puro
Tem que ser de puro amor maciço
Para a verdade, diga Eu juro!
Jura ser bom? – Eu juro!
Jura não querer possuir Bella? – Eu juro!
Jura ser puro? – Eu juro!
Jura nunca ter pecado? – Não juro!
Então não pode ser puro!
Para a superfície Alexandre e o jovem são lançados
E lá em cima, Azrael os espera
O jovem há de ser remediado
Para sua vida ter uma nova era.
Uma forte tempestade
Do jovem assola o coração
De um raio
Que traz consigo uma assombração.
Azrael, ousa me interromper?
O que traz contigo?
Deve ser bom, quero ver
Senão te destruirei, meu amigo!
O jovem que vos fala
Apenas quer Bella alcançar
Por favor, não me coloquem em uma vala
Estou aqui apenas para amar!
Você, você, você de novo?
Do Relâmpago, eu sou o Fantasma!
Eu disse que te pegaria, louco
Prepara-te para a última lástima!
Impuro!
Coração duro!
O jovem já pecara
Fantasma, que destino tomara?
Tenham clemência
Mostrem consciência
O jovem alega inocência
Pecados sem dolência!
O golpe o Fantasma prepara
Um relâmpago destruidor de alma cretina
Pior do que ser acertado por diabólica vara
Um raio que fulmina!
Não!
Quem grita agora?
Não vês que essa é a hora
Que eu esperara?
É de meu pertencer este corpo
Deixem-no ir
Pois eu não o quero morto!
Aparece Luna Celestial
Em forma de cachorra
Livrando o jovem da eterna masmorra
Da vida, gerando o manancial
Não voltem a atrapalhar
O jovem, absolvido de seus pecados está
Seu coração agora é só amor
Vai garoto, eu te perdoo.
Luna, uma prece eu lhe rogo
Bella eu imediatamente vou ver
Um casal com ela poderei ser
Nos veremos logo!
Não falta muito para chegar
Mas preste atenção
Se o guardião de Bella avistar
Não fuja, livre-o de sua solidão!
O caminho eu poderia encurtar
Para me casar com Bella
Namorar olhando o mar
E fugir de toda mazela!
Espere, menino!
Antes, precisas ver Dora
Perceberá lá fora
Que à Bella, ela serve de vizinho!
Caminhando por uma clareira
O jovem observa atento
Tem pressa ligeira
E de Bella, busca o acalento.
Alcança um último monte
De difícil escalada
Lá em cima, com muita sorte
De ninguém levará uma paulada
No meio do caminho
Um velho encontrou
Portava um pergaminho
Logo o chamou
Ei mancebo
Você chegou até aqui?
Há anos ninguém tinha chego
Me belisque, acho que morri!
Quem és tu, ancião?
És o guardião do trovão?
Do Fantasma do Relâmpago, o irmão?
Ou mais um charlatão?
Tenho aqui a verdade
Verdade sobre Dora
Não me julgue pela idade
Fui jovem outrora.
Então, o que me contas?-O que tenho no papel!
Passe-me as pontas!-Meu nome é Samuel!
Samuel, me ajude!-Por um preço!
Sou protegido de Luna!-Então eu esqueço!
O jovem entrou na falha
Da montanha
Via que ele só comia migalha
Mas tinha força espartana.
Vide, esta é rota
Deverá passar sem ceder
Não a faça torta
Senão, há de morrer!
Muitos por aquele caminho foram
E quase nenhum voltou
Chegar em Bella ninguém chegou
Todos ficaram apenas no louvor.
Fez o orientado
Seguiu a rota tortuosa
Com um pouco de medo
Da queda horrorosa.
É melhor que escalar
Pensou
À Dora vou chegar
Falou.
Alcançou o topo
Viu uma casa caindo aos pedaços
No terreiro teve de dar um soco
Nos gaiatos.
Saiam daqui, criaturas
São almas amaldiçoadas!
Perderam-se na luxúria
E agora querem meu local como suas casas!
Quem fala, quem é?
Aparece senão te pego
Não tente vir com Axé
Estou quase no meu sossego!
Não temas, bravo guerreiro
Vem comigo, está ficando tarde
Percebo, no seu cheiro
Que tens a bondade!
Dora, ajuda-me
Minha jornada está complicada
Dora, salva-me
Senão terei de voltar à enxada!
Vem, aqui Luna não tem poder
Na escuridão, a noite cai
E toda sorte de energia maligna sai
Só eu posso te proteger!
A casa da feiticeira o jovem adentrou
Foi-lhe servida uma poção
Logo, sua força perdida recuperou
Mas ele precisou adormecer na escuridão.
Teve um sonho horrível
Onde aparecia uma mulher
Bella ela tentava assassinar
O jovem tinha de permanecer passivo
Acordou desesperado
Entrou na influência dela
Dora tinha observado
Cuidado, jovem, senão cairás na mazela!
O que é, feiticeira?
Que visão é esta?
Quem quereria ferir Bella de tal maneira
Avisa, que eu lhe dou um soco na testa!
Acalme-se, jovem, não pense nela
Saber você precisa
Eu sou a mãe de Bella
Não se deixe levar por nenhuma Elisa!
Pensei que Bella fosse uma deusa
A Deusa da Natureza
Então ela é humana, que tristeza
Mas eu a amo, não se esqueça!
Bella é deusa, simples rapaz
Mas eu a criei
De modo sagaz
A vida, à ela eu dei!
Reuni folhas
Água
A luz do sol
E a energia vital dos seres viventes
E Bella nasceu
E como deusa se tornou?
Aos céus subiu
Por tão perfeita ser
Ali, Deus a agraciou
Para a natureza, proteger!
Bella é apenas bondade
Compreensão
Se tiver habilidade
O amor dela, terá na mão!
E quem é Elisa?
Este é o nome da maldita?
Bella está ameaçada?
Devo me preparar para uma caçada?
Seu nome é Renata
E o trono de Bella, ela quis ter.
É uma simples humana, uma rata
Adentrou na floresta para maldade com Bella fazer.
Mas jovem, mantenha a calma
Bella aprecia o que você faz
Ela já te ama
Não pense em andar para trás!
Tenha em mente e não aja como anta
Quando Renata avistar
Fuja do seu mantra
Ela, você deverá arruinar!
Então eu vou, vou-me
Obrigado, Dora
Me proteger de Renata vou-me
Vou conseguir me virar lá fora!
E de dia cinzento
O jovem saiu correndo
Avistou o bosque de espinhos
E sabia que logo ali estaria o inimigo.
Na sua entrada
Um menino gigante dormia
Tinha cara de criança e tamanho de gente crescida
Não se sabe como não morria.
O jovem passou silenciosamente
Temendo sua reação
O menino logo quebrou a situação
Aonde vai, delinquente?
Vou dar um fim à Renata
Devo acabar com esta chata
Ei, você é Biel, o guardião?
A quem Bella dá proteção?
Sim, sou eu
Mas temos um problema
Tenho força de aqueu
Mas poder de hiena.
Só posso atacar se Bella estiver em perigo
E como Renata nada faz
Tenho que deixá-la em paz!
Mas a maldita espera pelo minuto
O minuto de distração
Que os protetores de Bella fiquem diminutos
Para começar a destruição!
É por isso que você precisa
Levar o meu machado contigo
Para se proteger desta mulher cheia de malícia
Tenha-me como um amigo!
Biel e o jovem atravessaram um bosque espinhoso
E, ao final, viram uma mulher
Em um vestido choroso
Algo que ninguém quer.
Bem-vindo meu lindo
Vejo que está em má companhia
Porque não o troca por mim?
Se está atrás de Bella
Esqueça, ela é o fim!
Cala-te, maluca
Que você eu devo destruir
Seu sentimento é biruta
E a sua vida irá esvair!
Biel, me ajude!
Cuidado, jovem!
Não a combata com raiva
Use meu machado
Senão, tudo estará acabado!
Não podes me vencer com ódio
Pois do ódio eu sou a princesa
E da profunda tristeza
Você vai gozar
Para aprender a não me negar!
O jovem tentou acertá-la em vão
Os golpes atravessavam seu corpo
Jovem, use sua paixão
Não a vencerá com socos!
Ele começou a se esquivar
E uma aura escura do corpo de Renata floresceu
Esta energia negativa o envolveu
E uma lágrima do rosto de Bella escorreu
Ouça meu irmão, querido
Lute com ela usando seu amor
Você será verá livre desse espírito maligno
E poderá me ter com todo seu ardor!
Essas doces palavras de Bella
Chegaram ao seu ouvido
Uma forte luz apareceu no centro da negra esfera
Apagando-a, destruindo.
Envolto em uma aura branca e pouco amarela
Na direção da bruxa o jovem voou
E sob a magia de Bella
Com o machado, a malvada golpeou
Esta, foi rasgada pelo amor
Amor que nunca conheceu
Amor que a destruiu
Levando embora ela e seu fedor.
Perdeu-se no escuro
Seu corpo ficou duro
Voltou a ser mortal a coitada
E da floresta de Bella, foi finalmente exonerada.
O jovem devolveu o machado a Biel
Que voltou à entrada do bosque
Onde novas flores nasceram
Surgindo uma nova bondade fiel.
Subindo o último caminho
De ar fresco e cheio de seres
O jovem ouviu música e sinos
Tocada por eles.
Viu-se numa agradável e verde clareira
Iluminada pelo sol nascente
E até as perigosas jiboias
Eram condescendentes.
Bella embaixo de uma árvore estava
Como Deus queria, nua e natural
Você derrotou aquela mamangava
Venha meu amor, viva comigo este momento surreal.
Bella, por ti eu procurei
Não acredito que está diante de mim
Agora, que a ti finalmente cheguei
À resposta do meu convite, espero o sim!
Sim, meu amado
Você fez tudo isso por mim
Eu gosto de você assim
És um anjo alado.
Bella ao jovem deu a mão
Se beijaram
Sentiu uma energia subindo pelo chão
Era a natureza abençoando-os,
Enquanto se amavam.
Bella deu ao jovem a divindade
E agora poderiam reinar juntos
Dos dois, era essa a vontade
Governar a natureza de muitos.
O jovem e Bella fundiram-se em um só,
Acalentaram a natureza
Acabaram com toda a tristeza
De Deus conseguiram a bênção paterna
E envoltos um ao outro
Encontraram a vida eterna