Natividades
Assim percebo as agonias de natividades
poéticas; a noite caminhando nervosa por
baixo de chuva espreitando uma janela
ressaltada por sombra contorcida em dores
de ancas; contrações de paridela.
um candeeiro vigia a figura
dobrada nas curvas do ventre,
apertando entranhas e abrindo
pernas do peito, forçando a mente
a dilatar idéias até coroar
palavras em linhas de versos.
chora parturiente em siléncio,
expelindo sangue; sentimentos
que expulsam um corpo quente
- que pulsa e esgoela-se
como se fosse 'um ser vivo'.
(...breve alívio...)
os dedos cuidam
da cria, limpando sujeiras do parto
antes de agasalha-a ao colo
e solta-la em seguida
ao beneplácito dos olhos
do mundo; outra agonia...