Tudo é esquecimento
Longe! muito longe, galáxias de distância do Ele. Caminhos bifurcados. Big Bang a toda hora num constante movimento em espiral.
A respiração oscila entre ritmos fracos e fortes. Lembra de tudo, esquece depois e assim vai. Sempre em frente, sem olhar para trás. Não há volta, tudo é esquecimento...
Ele corre num estranho vendaval de dentro que o envolve no fora. Respiração forte. Batimentos cardíacos acelerados. Ele não anda mesmo caminhando. Tudo é esquecimento.
Mais uma explosão. Corre! só nisso ele pensa. Tenho que acelerar o passo! O vendaval o confunde e ele corre num grande vácuo. Não posso me atrasar! O vendaval apaga as suas memórias. Dorme. Ele morre mais uma vez. Tudo é esquecimento.
Ele acorda, corre, corre muito, até ficar sem fôlego. Mas tudo é lento e confuso. Não consigo sair daqui! Ele corre sem correr, dentro de um círculo e volta ao mesmo lugar de antes. Ele volta a dormir, acorda e morre de novo. Tudo é esquecimento.
Agora ele não acorda, mas seu corpo continua em movimento. Seu corpo corre. Batimentos cardíacos acelerados, respiração forte. Um corpo corre até ficar sem fôlego. Tudo é cansaço. O caminho é infinito e o corpo nunca vai chegar ao seu destino. Corre dentro do círculo, não consegue sair dele. Tudo é esquecimento.
Já não há mais corpo. Foi colocada uma massa viva estranha em seu lugar. Essa coisa não é corpo nem Ele. Coisa corre até ficar sem fôlego. Batimentos cardíacos acelerados, respiração fortíssima. Coisa completamente agitada. Esquecimento. Coisa adormecida dorme. Tudo é esquecimento.
Coisa vira Não-Coisa e degola-se gradualmente até ser Nada, o menos um ambulante que segue em frente, guiado pelo não sei quem, andando sempre em círculos, pelo mesmo lugar, do nada ao nada. Só resta o branco. O ponto nasce. O Big Bang volta a explodir e o Universo ressurge.
Ele nasce novamente, vira corpo, vira coisa, vira nada e continua assim até o próximo Big Bang. E vai, corre, anda, cai, morre, acorda, dorme sonha e continua tudo sendo esquecimento.