Que paz!
Não sei como, mas foi à distância mesmo, sabendo-te perto pela minha memória. É, eu sei que isso não é estares perto, tampouco a memória redime a distância (acho que, para ti, sou insignificante - mas o que acho não vai chegar perto (ficará à distância!) do que deveras achas, agora, certamente deitado ao lado da felizarda que está nos teus braços. Eu não, eu não estaria ainda repousada nos teus braços. Acho que te queria, sim, tu nos meus braços depois do cansaço. Em ti eu gostaria, sim, de te explorar o rosto, os cabelos vastos, prateados claro, leves fios mais escuros. Namorar teu tórax, tocar teus mamilos com minha língua, sentindo todos os teus detalhes humanos e masculinos em volta deles. É, mamilo não é coisa só de mulher. Quer saber? Eu mamaria em ti sem tempo, naquele tempo preciso, ou melhor, precioso. Mas, enfim, não sei como, de novo, e graças a ti, que creio que jamais saberás, terei agora uma noite de paz. Sabe o que é? Minha escrita estava presa e travada. Homem de Deus, eu te tenho como inspiração. Mesmo que eu ande sem tesão algum, sequer para me encostar em alguma parte de mim - sim, estou neste período e não vejo a hora de a primavera chegar, pois eu floresço com ela e me sinto melhor - descarreguei a tensão no libertar das letras. Pena que, como num castigo, não te posso nem como a um amigo. Isso me deu e me daria (talvez ainda dê) raiva, só que hoje não.
Despeço-me destas palavras para, e, sim, eu mereço, dormir - em paz.
Que paz!
Uma coisa é séria: eu preciso me cuidar. Mas enquanto não consigo, peço aos anjos de Deus que cuidem de mim. Por ora tenho feito o que posso, o que dá. E já que ninguém há, e nem mesmo estou apaixonada, permitirei-me dormir em paz. Que paz!
(Helena Denser)