Um silêncio
Um silêncio povoado de beijos e veias estalando desejos,
medindo léguas de ausência das tuas pálpebras
e teus sons íntimos e candorosos dentro da noite,
em que se perderam nossas palavras trêmulas,
enquanto caminhávamos ébrios da mesma doçura,
escutando os plácidos passos de água da alma!
O silêncio recolheu nossas palavras em beijos sonoros inauditos,expressivos,gestuais,
balbuciados como a candura contígua do rio,
que foge arrastando nuvens, luares, arvoredos,
sonhos e saudades esticados em sua seda translúcida!
Contudo o bulício de um exército
de pensamentos denunciava volúpias nos uivos carnais.
Depois caia de novo o silêncio adocicado,
abstraindo teus músculos de sangue nos meus seios suados,
resvalando-se mutuamente,
lírios vagabundos de água com cheiro de terra!
Santos-SP-20.03.2007