Dá um tempo


Me preparo à luz fosca do sol, tudo normal comigo, olho para o espelho e me vejo cabeludo que coisa nao é?, abro a caixa de escova de dente enquanto voa garbosamente uma mariposa com cara da fêmea do cupim, vou ao encalço dela e a mesma me dá um baile voando diagonal e pela fresta vai seguindo a sua vida de invertebrado, chego a dá tchau para ela, e a mariposa esmaecida me dá até logo com uma das asas, o dia é um cinza metálico escovado que cobre a serra do mar colocando o verde em evidência para agradecer a natureza e naquilo que parece ser o fim é a renovação do dia e do tempo da vida mutante que levamos diante da natureza que dá o tom ao próximo desfile outono-inverno com a setembrina primavera longeva à pousar no campo junto com a mariposa que outrora estava dentro da minha casa - escovo os dentes da frente kisse-me kisse-me lá da minha infância, guardo a escova e o creme dental, ando por entre as roupas que olham para mim molhadas de tanto serem lavadas, ponho a mão em uma das peças que umidamente me fala  - sem sol por perto levo mais tempo para secar - desvencilho com naturalidade da peça de roupa, levanto a tampa de lixo orgânico para saber se há algum cheiro desagradável por vir - a geladeira faz aquele barulho automático e me diz que está tudo bem com ela - abro a porta da geladeira e retiro couve, cenoura, maçã, limão, coloco em cima da pia, farei o meu suco verde matinal com acréscimo de linhaça dourada e é claro água, corto em cubos os alimentos e com o liqüidificador ligado vou adcionando os ingredientes um a um do dúctil ao macio, côo e após adiciono limão, esta pronto o suco, dou uma circulada no suco dentro da jarra, preparo a mesa com um jogo americano, uma caneca de louça verde leitosa e de frente para o verde-oliva da serra do mar vou vagarosamente gole à gole saboreando o suco verde, é a minha alimentação matinal, quase um ritual sei que não é fácil na vida corrida do dia a dia fazer essa seqüência todos os dias, as coisas lá fora toma o nosso tempo dentro de casa e as coisas dentro de casa levam o nosso tempo para fora mas, a nossa proposta de viver saudável é constante - deixo entrar o frescor do invernico que aqui em terras úmidas se forma hoje nesse verão, abro a báscula e sem pedir licença a mariposa pousa em cima da tampa da jarra de cor verde.

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Imagem do meu arquivo pessoal- roupas no varal - verão de 2013 - Joinville-Sc.

 
Moisés Cklein
Enviado por Moisés Cklein em 10/03/2013
Reeditado em 10/03/2013
Código do texto: T4181430
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