Romance Democrático

Eu prometi que esse ano iria ser diferente. Bom, ele mal começou e eu já estou me deixando levar pelo papinho do cara que eu conheci na terça passada. Ele veio me disse "oi, tá perdida?" e então eu deixei ele me levar assim de cara. Foi uma surpresa quando eu abri a porta da minha alma como se ele já a conhecesse, como quem não desconfia, não tem medo, não se engana. Isso é tão estranho para mim, assim como todo o resto. Estou me perguntando até agora porque você pararia assim na minha. Não inventa de dizer "E porque não?", eu posso ser descuidada e acreditar.

Você já teve um ‘deja vú’ comigo? Eu não, mas é como se a gente se conhecesse há anos. Eu não entendo como de repente certas palavras não me assustam mais. Vai com calma, festa da USP, maconha e relacionamento ainda me dão vontade de fugir. E na próxima, eu aceito toda feliz que você me acompanhe. Te aceito, te quero e talvez até admita.

Estou naquela de vender a minha TV para gente ir para qualquer lugar. Você sabe, por mim, ir à esquina já é se aventurar. Se um dia o vento te levar para longe de mim, eu sigo isso, seja lá o que isso for. Um dia ainda corro o risco, vivo no limite, te encontro além dos muros, livre, cantando 'Democracia na USP e na minha vida, já!'.

E até quem me vê lendo o manual na fila do bandejão sabe que eu te encontrei.