EU E MINHA ETERNA BRIGA COM A INSPIRAÇÃO
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Faz tempo que tento escrever, mas a inspiração não me vem.
Penso em coisas transcendentais, causas naturais ou mesmo textos imorais,
Mas a bendita inspiração não vem.
Outro dia, pensei até em rasgar todas as minhas poesias e esquecer que um dia as escrevi, mas não seria justo, pois nelas estão derramados todos os fluidos dos amores que senti.
E hoje o que eu faço?
Uma linha sequer me vem à mente, no máximo esse desabafo perneta, como um pedido de socorro ao deus da inspiração.
Que grande alucinação!
Bebo um vinho vagabundo, a maior taça que tiver.
Devaneios etílicos me assaltarão e quem sabe poemas novos surgirão?
É melhor esperar.
Nunca fui boa no que faço, mas sempre deu pro gasto.
Agora, mediocridade eu não tolero,
Nem em letras de bolero.
Faço greve, então.
Sumirei por uns dias.
Volto, quem sabe, com a próxima andorinha ou quando as flores de uma nova primavera chegar.
Assim, quem sabe,
Se ainda me faltar à inspiração, poderei escrever o que tiver por recordação.
No mais, digo adeus, por ora.
Pago a conta, empurro a cadeira e trocando pernas me esgueiro num beco qualquer, hotel dos malandros desbotados e dos poetas decadentes.
Fim desse ato.