vó
Era pra ser um dia comum, mas no café já conversamos angustiados. No fundo nós três sabíamos que alguma pior poderia acontecer. Foi um dia do silêncio mais triste de nossas almas. Já tínhamos um plano, se ela estivesse pior chamaríamos a ambulância e a levaríamos mesmo sem ela querer. No dia anterior nós falamos um pouco, liguei o rádio que ficava ao lado de sua casa e ela me dizia morrer, mas tantas ela me falou isso que não queria acreditar.
Mas naquela quinta-feira de sol em julho havia uma atmosfera estranha entre todos nós.
Após o café gélido, minha mãe chegou a dar-lhe um banho, coisa que ela nunca havia deixado fazer. Sempre proclamou independência em meio as limitações. Mas como que pressentindo sua natureza frágil, entre nauseas e fraqueza, permitiu. Foi seu último banho. Mal sabíamos.
Mas eu estava envolta em uma nuvem escura era como se eu pudesse já saber do que poderia estar por vir.