ABSTRATA
Rasgaram-lhe as vestes. Deixaram-na nua!
Pintaram-na de todas as cores escuras que ela, sempre, se recusou a usar. Disseram-na como ela nunca havia se visto, nem imaginado, que o curador, detentor de sua guarda, pudesse lhe ver. Quem não a conhecesse, naquele momento, conheceriam-na por uma tela fria, vazia e falsificada.
Cortaram-na aos pedaços e atiraram-na aos lobistas famintos que, sempre, estiverem à espreita dessa oportunidade.
Mas, a tinta que antes espalhou por aí, ainda colore a vida daqueles detentores de bons olhos que puderam apreciar esta obra tão abstrata para olhos comuns.
"Salvador Dalí não ousou, jamais, imaginar-te."