EU SOU HOMEM PÁSSARO

 

Uma prosa alada.

 

Meu Deus!

 

 

Vejam do que é possível se transformar um velho homem, quando ele se submete a um pedido ou a um desafio feito por uma linda mulher.

Simplesmente se transforma num pássaro!

Agora que me fiz pássaro e, se for possível, eu vou alçar vôo para pousar suavemente num arbusto qualquer do teu jardim.

É sempre assim, os pássaros migram e por uma necessidade natural e inexplicável, voltam aos seus verdadeiros e velhos ninhos.

Talvez estejamos lidando aqui, com a famosa volta as origens.

 

Quem vai entender da psique dos pássaros?

 

Minha doce e linda menina, porque queres que eu me transforme em pássaro?

Dá-me a tua licença!

Antes de começar a desatar esta prosa, eu quero que tu saibas que eu já fui fênix, e eu acho que todos nós já fomos fênix pelo menos uma vez na vida.

A vida nos prepara armadilhas.

E que armadilhas!

 

Quem vai saber de onde e porque saiu este teu desafio?

 

Ah, talvez queiras ouvir os meus gorjeios assim como fazem os sabiás, mas minha linda eu não sei mais trinar, apenas sei dizer o teu nome e isto já é um doce cantar.

Por isso, eu disse que tu és um pedaço do meu inconsciente que, ficou preso no túnel reencarnatório, na verdade minha linda, eu gostaria de ter reencarnado como um pássaro.

Mesmo e por que essa singularidade existencial não tenha me ocorrido e, por uma benesse dos céus, os anjos me fizeram poeta, uma linda forma de ser um passarinho para cantar em prosas e versos para ti.

Por isso, eu acho que tu és aquele anjo lá do céu, me pedindo novamente para ser homem pássaro.

Nada acontece por acaso, seria muito bom se me fosse possível conhecer os teus sonhos, por certo, eu estou devidamente gravado neles como um arquétipo de pássaro.

Se isso for verdadeiro, obstinadamente eu irei bicar o teu coração, para que tu sempre te lembres de mim como um homem pássaro.

E de galho em galho, quero dizer, de verso em verso, vou tentar finalizar esta prosinha sem muita graça.

É bom que eu diga antes que tu me critiques, eu não sei fazer poesia assim como tu fazes, porque tu compões com a alma, coisa de anjo, e eu passo um sacrifício danado batendo as asas para compor esta prosa passarinheira.

 

Quem vai decodificar os mistérios desse anjo?

Minha linda, eu já fui tudo na minha vida, mas pássaro?... Nunca tinha me passado pela cabeça.

Mirinha tu me colocaste numa saia justa, mas quero te dizer que ali bem próximo de onde eu estou, tem uma árvore velha, aonde um pássaro solitário gorjeia o seu canto triste, para entristecer mais ainda o meu coração que também é de pássaro.

 

Eráclito, o pássaro.

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 12/03/2007
Código do texto: T409805