Poeminha

Nada mais poderia surgir de um amontoado de terra.

As mesmas cores, o mesmo cheiro molhado de estações diferentes, as mesmas horas marcadas.

A expectativa do momento crucial, e o mesmo menino sentado, todo dia, na mesma janela.

O céu sempre diferente enfeitado de rosa, laranja, cinza, lilás e incontáveis tons do amanhecer.

O mesmo pedido na ponta da língua, a mesma linha de pensamento.

Olha pra o céu, olha pra cima, olha pro céu...

Sempre a janela aberta, sempre à espreita.

Sem que se possa contar como ou quando, sem o tempo certo.

Finalmente ele vê o cometa, tão pequeno e tão rápido,

Nem lembrou de fazer o pedido porque por mais que ele esperasse, nunca pensou em vê-lo.

Mas ele riu e tudo se modificou, todos os dias, era o que ele pensava ver.

E viu, seu cometa barulhento e rápido. E só seu.

E ele mudou.

Seu cometa.

Jana Canuto
Enviado por Jana Canuto em 14/01/2013
Reeditado em 12/09/2018
Código do texto: T4083626
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