Foram tantos desencontros que fiquei marcado pela expectativa. Vi pelo olho mágico da minha imaginação um semblante cheio de dúvidas e caulelas. Ela era de um mundo paralelo ao meu. Tinha crenças e dons peculiares àquele mundo, mas que não se distanciavam tanto dos que possuo. Portanto, nossas concepções eram, embora semelhantes, mas que divergiam em alguns pontos. Ela relutava em livrar-se das vestes por trás das quais escondia uma natureza diabolicamente encantadora e sutil. Tecia conjecturas aparentemente contraditórias, mas que no fundo deixava claramente transparecer uma carência que disfarçava a todo custo. Negava com risos entrecortados por lamentos e afirmações que brotavam naturalmente do fundo do seu ser sem pedir licença. Seu olhar fixou-se nos meus através daquele olho mágico e senti a mesma emoção de quem observa uma nudez de alguém desejável vista às escondida. Vi-me como que equipado com um binóculo invadindo a privacidade de qualquer apartamento que aleatoriamente fora escolhido por merecer especial atenção, por motivos óbvios, no aguardo de um descuido da conhecida bela calorenta que, vez por outra, transitava pela casa completamente nua, em busca de não sei o quê, e isso era o que menos me interessava! E assim eu ficava atento. Um calor infernal lá fora e eu aqui neste quarto refrigerado reitero meus pensamentos sobre aquela que conseguiu me cativar, mesmo sem essa intenção. A vida segue por rumos imprevisíveis. Não sei o que me espera lá adiante, mas posso garantir que apenas essa sensação deliciosa da ocorrência do inesperado me faz feliz, pois essa felicidade já mora dentro de mim, independentemente da moça do apartamento de frente!
Té....
Té....