Hoje e de novo amanhã
Há muitos dias procurava pelo dia de hoje
Um dia incomum
Um dia quase esquecido da memória
Pelo tamanho do tardar
Um belo dia!
A surpresa anunciou-se no primeiro som
Ainda meio indefinido, distante
Capturado por ouvidos preguiçosamente matinais
Estranhei, abri os olhos
E confirmei, pois até o branco do teto
Havia alterado seu tom.
Um dia exóticamente tranquilo e inesperado
Em que pensamentos costumeiramente mordazes
Foram tão inexistentes
Quanto a inexistência da tranquilidade desse dia
No dia de ontem
E de tantos dias passados.
Um dia com aspecto tímido
Como a tímidez de menino abandonado à porta da escola
Encontrou-se num ambiente momentâneamente hostil
Gostou!
Aos poucos o receio deu lugar à serenidade, à plenitude e à vontade
Agindo como três pistoleiras confiantes, porém alertas
A vagar solitárias e sorrateiras
Num deserto sem lágrimas
Sem me dar conta do quanto já produriza
Uma pausa apareceu
No meio do dia, que desacostumado
Pareceu saudar a tristeza
Que me havia abandonado, neste dia tão nublado
Sem o aviso em costersia.
Reconfigurada da pausa sarcástica
Tudo imediatamente mudou de cor
cheiro, status ou sabor
O estômago, mesmo satisfeito, mais alto roncou
O alarme da arritmia não soou
Ouvi sem irritação
Gritos de crianças bagunceiras no portão
Projetos interrompidos, reencontraram-se com o criador
O dedinho do pé direito, bateu na quina da mesinha
Sem esbravejar a dor
A Pilha de livros já não parecia infinita
Novas idéias iluminando uma mente aflita
Dois poemas, quatro gavetas e um Rei Leão
Vibrações encantadas moveram as cordas empoeiradas do meu violão
Sem desejos descabidos, sem fome de migalhas
Parte útil da engrenagem que gira o universo inteiro
O sorriso do entusiamo verdadeiro
Eu vi novamente brilhar nos olhos de uma menina
Hoje em frente ao espelho.
Dedicado ao dia de ontem (17/12/12), ao hoje e a todos os que eu puder acordar e viver.
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