Árido cansaço.
O cru.
O sem nada.
O total desprovimento do existir, mesmo que passageiro, era apetecido por aquela mente exaurida pelas atividades insensatas e que clamava pelo descanso sem julgamentos.
Tem horas que ser uma pedra seria mais vantajoso.
Pedras não sentem dor, não absorvem o alheio nem almejam o impossível.
Sem dor, não há lágrimas nem nariz obstruído.
Sem almejar o impossível, não se tem compulsão alimentar nem sonífera.
Não há angústia, nem alívio.
Há o nada.
O nada que parece no momento extremamente necessário.
Também seria como uma isenção de viver: mais tarde poderia se sentir tocada pelo desperdício do respirar.
Das palavras, o silêncio.
Do diminuto, o expandido.
Do espaçoso, o inexistente.
Da saudade, só o estrangulamento.
Meras nuances de transformações necessárias.
Sentir e agir não deveriam ser tão conflitantes.