De novo...
Bate em minhas vidraças a lembrança de um outro novembro, ainda não novembro, sempre novembro... Nunca novo de novo novembro. Bate às minhas costas, às costas de outubro, novembro.
Talvez a hora, talvez a ave-maria, talvez as dores e suas crias. Talvez as tuas luvas íntegras e frias. Talvez teus olhos negros e quentes, tão quentes a desmentir toda a minha vida. Quanta sabedoria a tua... Quanta descrença a minha.
É chegada a hora, minhas costas pesam. Peso correntes, peso lacerações, peso a tua palavra, aquela que nunca me disse, aquela que jaz em teus ossos, em teu pó em tuas cruzes.
Ouço teu passos, ouço tuas botas, ouço teu silêncio a fitar ponteiros presos em uma lápide branca, tal qual a lua que nunca foi minha, nunca foi tua. Era do tempo, só do tempo o segredo de nossa agonia. Nem meu, nem teu. Segredo esse, que meus e seus joelhos, mastigou como se de nós fosse possível tatuar a carne sem que nela algo fizesse sentido.
É chegada a hora, novembro se aproxima. Tão ao umbral desci, tão alto você subiu, tão passado é teu sorriso, tão presente e futuro é o meu escuro. E nada, nada foi alterado, nada e nada saíram do lugar, há somente esse espaço entre o meu vazio e o teu abraço. Espaço a consumir-me num sempre, na pele, em nervos e em dedos.
Pesam-me teu sopro, teu logro, tuas mãos, tua boca, teu suspiro, tua despedida. Pesa-me o sussuro louco dos segundos em contagotas a arrancar-te de mim nessa eternidade de um átimo a desenhar novembro, de novo, de novo...