UMA RIXA ANTIGA

Eu...uma guriazinha bem pequena, hum aninho apenas!

A Praça da Alfândega cheia de jacarandás floridos!

Um tremendo fato histórico,

há pouco tempo havia sucedido.

Morrera o Getúlio.

Um “causo” político fantasmagórico!

Não se falava de outro fato...

era lá pelos idos de 1954.

Porto Alegre fervilhava...

e toda gente, entusiasmada, a novidade comentava.

Isso tudo eu sei por que minha mãe contava,

Depois, quando eu já era uma guria bem mais crescidinha,

mas era baixinha... e ninguém notava!

De idéia torna-se realidade, prá nossa felicidade!

A Feira do Livro – em prosa e verso...

um super evento cultural – intelectual!

Prá lá convergiam muitas atenções.

Letras...que alegravam os corações!

Contava minha mãe...por que ela contava coisas.

Ela sabia tudo prá dizer o que nós adorávamos ouvir...

E contava uma história, que nem sei se era lenda.

Falava de uma grande tenda,

sob a qual alguém semeara idéias

prá colher livros e nos fazer sorrir.

Mas havia, também, uma séria pendenga..

Dizem que era uma rixa...

e essa eu me encarrego de contar.

Mario Quintana...o poetinha,

desafiara São Pedro!

- Duvido que chova...dizia ele:

o Santo Padroeiro não há de nos magoar!

Apostou alto... mas dizem que perdeu.

E até hoje... ano após ano...

Quando a gente menos espera,

pingo vai... pingo vem...e já choveu!

Mara Inez - LasLuces

Novembro/2006

HOMENAGEM À FEIRA DO LIVRO POA/2006