Não Estou Pra Ninguém
Tinha raiva porque sabia que você estava com a razão. Todo o seu amor eu vi de longe.
Me perdi ao mesmo tempo em que você se achou.
E esse meu olhar inchado é de sono não de lágrimas. Eu juro!
Estou comprando coisas pela internet, pois objetos quase compensam a falta que você me faz. Olho para cima e vejo os lustres da minha sala, costumava vê-los quando eu me deitava no tapete com você e contávamos piadas sujas cheias de humor negro e riamos olhando para os mesmos lustres que hoje são mais sérios que um funeral de um acidentado.
Estou pensando em tirar os lustres e colocar simples plafons. Invoquei-me com os lustres!
Costumo invocar com objetos mesmo, para suprir sua falta. – Você que nem era tão boa companhia pelo menos era alguma coisa eu que eu me apegava e me apego. Tenho um apresso por você.
Ainda tenho coisas com sua caligrafia, com seu cheiro, com sua voz. – Não vejo para não querer sobreviver de migalhas, pois, no entanto eu sempre tive uma mesa farta.
Estou é farto dos nossos sentimentos, do nosso mal entendido, estou farto de nós e deles.
Agora estou observando a água correr, lindamente ela se engrossa e se afina sob o comando dos meus dedos inquietíssimos cheios de vontade enquanto meus olhos a olham com sede e puro prazer. Estou tranquilo.
A vida nos vai pedindo coisas... Assim como esse texto me pede vírgulas e pontos finais.
Estou mais tranquilo do que de costume. Isso é duvidoso e assustador para a minha pessoa viciada em adrenalina.
Às vezes tento ser leve... Tento flutuar, mas não se pode tentar isso... Ou se está leve ou não está. O espirito é quem decide isso.
Hoje estou é pra domingo, estou é pra final de festa, estou é pra prisão, estou é pra lápis que pode ser apagado rapidamente por uma borracha. Quem me dera se eu pudesse ser lápis sempre. Em assuntos fortes a gente vira caneta.
Hoje não estou pra nada! Nem pra você, nem pra mim, nem pra nós.
Lukas Guilherme Pinto