TARDIA DECLARAÇÃO DE DOMÍNIO PÚBLICO.

 


30/01/200





                                                                Declaro para os devidos fins e a quem interessar possa que, eu não sei o que serei e o que farei se essa tal de reencarnação funcionar.

Que Deus me perdoe, mas a primeira coisa que eu faria era: a de deixar de ir às missas e visitar mais os pobres, os oprimidos, os injustiçados e os doentes, aqueles “Próximos” que Jesus mandou que se amasse mais.

Outra coisa que eu faria com certeza se para cá voltasse, seria a de amar mais a tudo e a todos, pois estou sentindo que amei muito pouco durante a minha vida.

Reciclaria a minha própria vida e faria uma faxina existencial na minha psique me limpando de todos os conceitos, preconceitos, neuroses, complexos, sombras e todos os arquétipos bestas que acumulei no passado, e que perturbaram e tumultuaram a minha forma de existir.

De alma branda e branca viveria somente para o amor e procuraria ficar sempre universalmente apaixonado, inclusive, me acordaria mais cedo para apreciar melhor a aurora, em vez de olhar para essas caras que já se acordam enfadadas e neurotizadas.

Apreciaria uma boa refeição, mas antes tomaria uma dose de um bom Scotch e, logo em seguida, um bom vinho sem conservantes nas minhas eclesiásticas refeições para embalar depois uma preguiçosa sesta.

Evidentemente que brincaria mais com as crianças, enquanto crianças, porque, elas depois de adultas se tornariam tão doentes e chatas assim como eu fui ou ainda sou.

Ah, eu seria totalmente irresponsável e irreverente, pois perdi grande parte da minha vida querendo demonstrar ser responsável e respeitoso.

Ó como foi hipócrita parecer justo!

Responsabilidade com aquela máscara da mesmice me sufocando a vida, e me negando dar aquelas gargalhadas gostosas que fazem bem ao fígado.

Quem vai me indenizar por essas perdas?

Se eu voltar com o evento da reencarnação e, se houver, é claro que amarei mais as mulheres e a elas oferecerei mais rosas e comporei poemas novos para conquistá-las na segunda edição da minha vida.

Se me for possível viver uma segunda chance ou uma segunda edição, eu prometo que não darei a mínima para as leis, regras, convenções, etiquetas, costumes, tradição e mandamentos.

Prometo que extinguirei as religiões que escravizam, aprisionam e engessam os filhos de Deus, como se elas tivessem procuração para ser intermediárias do Altíssimo.

Eu juro que não me transformarei numa ovelha velha e submissa, serei sempre um vassalo da mulher amada, mas nunca um escravo.

Se me ocorrer essa oportunidade de retorno, eu prometo que exercitarei com toda a expansividade da minha alma a virtude da caridade, essa genuína religião que as religiões não ensinam, pois a suas teologias tem mais “logias” do que “Theos”.

Somente obedecerei aos mandamentos que virão impressos na minha consciência, mesmo assim, eu garanto que burlarei alguns.

Se eu voltar a viver neste mesmo planeta, eu prometo que cultivarei mais as orquídeas, as bromélias e soltarei a todos os pássaros que encontrar engaiolados.

Na próxima existência não serei tão certinho como fui, cometerei mais erros, procurarei a mulher errada para me apaixonar, porque com as certinhas eu nunca fui feliz.

Quem sabe, eu cometendo mais erros serei mais feliz?

Na próxima edição da minha existência, eu farei tudo diferente, não repetirei as mesmas coisas.

Cada dia será uma nova existência com novos deslumbramentos, isso é o que purifica a alma e tonifica o amor.

E como ainda não estou no ponto de ser editado pela segunda vez, (assim eu espero) hoje mesmo, eu vou começar a fazer as coisas que acima prometi.

Serei outro dentro de mim mesmo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 30/01/2007
Reeditado em 11/02/2007
Código do texto: T363894