AMARELO PISCANDO NO MEU CORAÇÃO
AMARELO PISCANDO NO MEU CORAÇÃO
O sinal de alerta foi disparado
Atenção geral:
Aquela lâmpada amarela piscava
Com um alarme sonoro.
Correria geral
Pois há tempo não entrava em emergência anunciada.
Todas as vias de acesso foram checadas,
Manual de sobrevivência às mãos,
Roupas especiais fora dos invólucros,
Envelope com o plano “B”
Foi tirado do cofre de segurança total.
O estado de alerta estava instalado.
A pior parte é a de ficar em prontidão,
Pra onde correr,
Pra quem ligar,
Pedir socorro
Ou se virar sozinho?
Se parto para desativar
A senha fica conhecida
Aí terei que trocá-la.
Se encaro como um simples
Exercício de rotina
Corro o risco de ser verdade.
Reviso possíveis anomalias:
Nível sob controle,
Fluxo continuo,
Voltagem estável,
Meteorologia indica mudança de nuvens,
Possíveis descargas elétricas no solo.
A tensão aumenta
Pois o amarelo aumenta sua intensidade.
As mãos tremem,
O coração dispara,
O suor corre pelas têmporas,
Afrouxo o nó da gravata.
O botão vermelho à minha frente
Torna-se um monstro a me encarar.
O silvo torna-se mais agudo.
Não é um alarme falso
Mas mantenho a posição,
De que vai passar
É só uma questão de tempo.
Foram tomadas todas as providencias,
Todos os canais de acesso estão de sobreaviso,
É impossível o ataque vencer essas barreiras,
Já passei por outras ameaças e venci todas,
Tenho certeza,
Com essa não será diferente.
Mas o que eu temia aconteceu:
O amarelo cedeu ao vermelho
E este não piscava, era intenso.
Níveis de radiação fora de controle,
Ondas de choque alucinantes,
Nem deu tempo do manual do plano “B”
Ser aberto e seguir as instruções contidas:
BUMMMMMMMMMMMMMM!
Caio por terra impotente,
Ninguém pra me atender
Equipes de socorro nem se mexeram,
Nenhuma voz de ajuda,
Nada!
Segundos que parecem horas
Atravessam minha agonia.
Fui invadido,
Fui seduzido,
Fui vencido
Pelo mais belo par de olhos negros.
Fui tocado pelo AMOR.
Agora só me resta
Entregar a espada ao vencedor.
Assinar o termo de armistício,
Rasgar quaisquer regulamentos
E aceitar incondicionalmente
A voz que soou suave:
- Vai ficar aí de queixo caído?
Di Camargo, 10/04/2012