A espera

Pela transparência do vidro da janela,

Por entre a folhagem

Do jardim externo do Sobrado,

Observo a vida passar, lentamente,

Alheia às minhas angústias.

Chuvoso e sombrio

Lá fora o dia é triste

Apenas as plantas se movem

No jardim da escola em férias

Só há vida na chuva que cai

E nas plantas que se movem

Impulsionadas pelo vento

Santa Maria!

Por que o nome me enterneceu?

É apenas uma escola

Molhada e sem alunos

Com grades pontiagudas

E um meio-fio amarelo

Como a dizer – Não pare

Ninguém para

Ninguém passa

Só os automóveis passam

Com vidros escuros e fechados

Não se vê ninguém dentro deles

A chuva não para

Vejo os seus pingos

Molharem o asfalto

E as plantas do jardim

Não vejo pessoas

Só os automóveis passam

No asfalto molhado

Deixando um rastro de vapor

Que logo se desfaz

Com os novos pingos que caem

Ninguém passa

Só a mulher com o guarda-chuva azul

A única a sair na chuva

Coragem ou necessidade?

Não sei

Não tenho respostas

Olho novamente o relógio

Os ponteiros se arrastam

Mas eu não tenho pressa

Pois tudo na vida passa

Ainda que lentamente

Até a chuva também passou

Edmilton Torres
Enviado por Edmilton Torres em 10/04/2012
Código do texto: T3605046
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