Algumas Histórias VI (Continuação)

Constante Ramos, Copacabana

No bar da esquina tudo a contento

Cerveja gelada, aperitivo, e eu já estava tocando minha gaita

Mas a paz se quebrou naquele exato momento.

Um barulho forte de freio e colisão

O som vinha da praia e ecoava em agonia

Levantei, estiquei o pescoço e vi o carro em contramão

Estava pegando fogo e ainda em movimento.

Corremos para prestar alguma possível assistência

Não havia mais nenhum carro envolvido no acidente

Juntaram os curiosos, os transeuntes

Muita fumaça e o carro queimava na minha frente.

Fui ao quiosque da praia e peguei um extintor de incêndio

Havia uma pessoa dentro do carro, nas chamas, no volante

Ao mesmo tempo em que meus amigos gritavam pelo bombeiro...

Aquela cena, fumaça e fogo, era chocante.

Mesmo sem poder vê-la, eu falava para a pessoa no carro ter calma

Corri para bem perto usando o extintor e me sentindo um herói

Quando extingui o fogo pensei que tivesse acabado o tormento

Mas o ego inflado demais às vezes dói.

Não era uma pessoa, era apenas o encosto do assento

O motorista havia saído muito antes - pulou do carro andando

Meu ato heróico havia se tornado amargura

De mocinho para louco – a vida nua e crua.

André Anlub

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