Todavia, vamos começar.
Nossa história é repleta de mas, poréns, todavias, contudos... É um completo monólogo, só eu falo, só eu demonstro, apenas eu me entrego, seu coração é deserto, não consigo explorar. Quando queres és narrador, mudando o curso dos fatos, deixando em dúvida antigos relatos, promessas e juras de amor. E foram várias, várias e várias promessas, vários anos de espera. Esperava te amar em uma nova era, criada por nós dois, os problemas do mundo que ficassem pra depois. Só que todas as declarações de amor e cada iniciativa de fazer com o que o relacionamento evoluísse eram seguidas por orações adversativas: “Eu te amo, mas talvez não seja para ficarmos juntos”, “Queria que fosse minha, porém...”. Sempre há um problema, algo que te faz hesitar, vivo em meio a um dilema, ajude-me a solucionar.
E quando não era assim, elas se iniciavam por ‘ses’ infinitos, condicionando tudo que, se você não teimasse em limitar, poderia ser vivido: “Se pudéssemos ficar juntos...”, “se eu estivesse ai do seu lado agora”, “se déssemos certo como casal” e etc. É como se eu só pudesse participar de uma parte. Sou inteira, não te quero pela metade, não quero 2/3, também quero seus defeitos, o último, o primeiro. Quero que comece, quero derreter-te, quero que se entregue, quero que seja, apenas não seja inerte.