REFLEXÕES DE AREIA

Ninguém na praia. Apenas pegadas anônimas na areia branca.

Gaivota quebra o silêncio do meu acordar, voando aos pios.

Ela sempre vem ao meu encontro, quando estou assim,

em estado de reflexão de areia, ausência total de ser.

Logo vem outra, e outra, em bandos de pios e chilreios,

enchendo a praia deserta de sons passarinheiros.

Pousam uma a uma e não se importam quando sento perto delas. Para as gaivotas, não bastam apenas a praia deserta

e o vestígio de gente que se foi. Há que se ter um toque de ternura de fim de tarde e uma vontade inconsciente de não ser.

E ficamos ali. Até a areia branca ficar vermelha do ocaso

e o mar levar as pegadas anônimas para além das ondas.

11/01/2007

Paulo Orlando
Enviado por Paulo Orlando em 14/01/2007
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