COMPARANDO
A cabeça da gente
é como um novelo de lã ou de linha:
contorcida, enrolada;
que quando usada
pode criar diversas formas.
A existência da gente
é como um agulha de tecer:
pontuda ou envergada;
que quando acionada ou motivada
tecem flores ou teia - segurança ou armadilhas.
O mundo da gente
é como a prenda já pronta:
feia ou bonita, mas formada;
depende do ponto de vista
e da mão que a executa.
Quanto à habilidade da gente
o sucesso ou o fracasso
de um trabalho manual
depende inclusive,
da qualidade do novelo,
do tipo de agulha,
do visual do ponto.
A continuidade da vida, porém
depende exclusivamente
da cabeça da gente,
da existência da gente,
do mundo da gente.
E os tempos marcham,
fatalmente para o bem ou para o mal.
Não há meios-termos
nesta vida da gente.
dezembro/1977