GRACIOSA GIANE

GRACIOSA GIANE.

Misteriosa Mulher!

Falta-me tempo para celebrar os teus cabelos, onda por onda, cacho por cacho, é o meu sonho ter um dia em minhas mãos, as tuas melenas de furioso mel.

Algum dia, um por um, eu devo contá-los e louvá-los. Quem sabe?

Certos amantes querem viver com certos olhos, e eu só quero ser o penteador de teus cabelos.

Penso que na Itália te batizariam de Madona, pela encrespada e alta luz da tua cabeleira, mas eu te chamo de brejeira minha e emaranhada.

O meu coração conhece as portas suaves da tua voz.

Quando te extraviares em teus próprios cabelos não me esqueça, lembra-te que já conheço a tua voz.

E assim, não me deixes ir perdido sem as tuas melenas pelo mundo sombrio de todos os caminhos.

Esse mundo que só têm sombras e transitórias dores, até que, eu e o sol subamos à torre dos teus cabelos. Certo?

Eu sei que tu existes, não só porque tem musicalidade a tua voz, também os meus olhos te descobriram em inexplicáveis sonhos.

É uma doce ternura ser envolvido pela tua voz ao longe, e que dão luz às coisas como uma janela aberta para o meu mundo.

Acorda-me, ó morena cor de jambo, delta genético de todas as raças que em ti se atracaram!

Abrasileirada e por certo linda como fugaz amazona, ouve mulher, ouve este meu canto de improviso que nasceu com a ternura da tua voz.

E assim, caminho pelas ruas calado, envolvido pela tua doce ternura que soa e ressoa dentro de mim.

A tua voz já me desequilibra.

Agora imagina tu, ó princesa cor de jambo, o dia que tiver de repousar em teu regaço.

De forma silente e abrupta naufragarei em teus lindos olhos.

Por certo, tu ressuscitarás os meus sonhos que há muito andam adormecidos.

Portanto, ó princesa cor de jambo, lembra-te que vives na doce aurora da tua vida plena de sonhos, e eu já estou preso aos últimos raios do crepúsculo.

Entretanto, ó princesa, dormitam em mim mil sonhos que ainda não se realizaram.

Será que és capaz de realizá-los?

Serei eu capaz de realizar os teus sonhos?

Amar e sonhar minha querida são dois verbos que os apaixonados conjugam sem dificuldades.

Amar é navegar com água e estrelas, e assim, sonho preferencialmente navegar com os devidos carinhos esses cabelos de furioso mel.

A ti minha princesa, um carinho distante das minhas mãos mais distantes ainda.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 13/01/2007
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