UMA PROSA À -TOA.

 

 

 

 

Entretanto, totalmente azul...

 

 

 

 

Não sei passar um dia sem escrever, gosto muito de cultivar essa minha lavoura poética e, para isso, eu tenho o meu arado literário o computador, e assim, dolorosamente laboramos juntos.

Mas hoje, não sei por obra de quem, talvez de algum encosto ou um outro fenômeno qualquer, eu me sinto uma tabula rasa, um vazio absurdo muito parecido com aquele vazio das Igrejas numa segunda-feira.

Acho que, mesmo que tenha ocorrido uma varredura no meu cérebro, exatamente no córtex e no hipocampo, as possíveis residências da memória e, se tal coisa ocorreu, deletaram a dita inspiração, mas não a minha vontade.

Mesmo assim, eu vou escrever sobre essa situação esdrúxula, porque desconfio que esteja ocorrendo algum evento sutil provocado por alguém, e que, sem sombra de dúvidas, tenciona me deixar assim como se eu fosse um quadro negro em branco.

Um quadro negro em branco, essa é boa, mas entenderam não é?

Sei que isso não é de todo provável, mas é bastante possível, já vou me explicar porque não sou totalmente incrédulo, assim como também não sou um parapsicólogo.

De vez em quando se manifesta em mim esses eventos misticóides, pois quando sou tocado por alguém, de forma física ou emocional, parece desencadear assustadoramente uma psicometria.

É a tal da varredura.

Esses paranormais ficam sabendo das minhas memórias poéticas e as deletam, porque, eu não sei.

Explico-me:

É que, quando sou tocado fisicamente ou emocionalmente, por meio de ondas cerebrais emitidas, mesmo de longe, (psicometria à distância) simplesmente se sucede em mim um esvaziamento emocional e, consequentemente, uma faxina nas minhas inspirações.

Certas pessoas têm essa capacidade. Não duvidem!

Isso acontece quando, elas, tocando em ti ou em algo que já foi teu e, dependendo das suas energias psíquicas, forças psíquicas emitidas, além de tomarem conhecimento da tua psique, elas sugam ou apagam certos eventos da tua memória.

Eu acho que é uma sucção energética psíquica.

Não vou me alongar mais neste assunto porque não é da minha pertinência, e eu não tenho conhecimento suficiente a respeito dessa ciência que se convencionou chamar de parapsicologia.

Mas que, a bem da verdade, existem várias hipóteses interessantes a respeito deste nosso íntimo e eterno desconhecido: O Senhor Cérebro.

Uma das hipóteses pitoresca é aquela que considera o cérebro humano como um holograma, mas temos também alguns físicos, os chamados de místicos que, consideram o cérebro essa nossa caixa preta, apenas como um evento quântico.

Agora já estou gostando desta prosa, tenho a impressão que consegui salvar os meus arquivos, e assim, estou voltando à normalidade recuperando os meus impulsos emotivos.

A princípio, eu pensei que ela tivesse feito essa faxina psíquica em mim, motivada por vingança, birra ou ciúmes.

Estou totalmente enganado.

Eu acho que ela ainda está muito presente na minha memória, pois, ela ali foi entronizada com toda a liturgia passional.

Sendo que, essa presença atual e vívida provocou um curto circuito no meu depósito de memórias.  

E agora permanece num arquivo provisório e, de vez em quando, provoca deliberadamente uma pane nas minhas sinapses e um grande murmúrio no meu coração.

Meu Deus, ela se fixou de tal jeito na minha psique que vai acabar se transformando num arquétipo, talvez um novo arquétipo, o símbolo gracioso e inconsciente do amor.

Se for por amor, que ela permaneça quietinha no meu escaninho secreto, aonde teimosamente pretende ficar, e eu prometo que a guardarei com todo o carinho silenciosamente.

Esta prosa não tem jeito, começou de um jeito e acabou deste jeito, totalmente diferente e sem jeito.

O fato é que, mesmo sem inspiração, eu já entendi que estou plantado no jardim da vida como um solitário lírio, por isso eu me inclino e reverencio as rosas que por mim passam.

Este é o meu jeito torto de amar, pois um lírio, esse pobre e puro vegetal tem a sua haste delgada e sensível e, assim, facilmente se entorta com as mesuras.

Por favor, não riam desta minha prosa, eu já me desculpei lá em cima, dizendo que, estava sem inspiração. OK.

Portanto, me desculpem!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 12/01/2007
Código do texto: T345036