Da carne...
Toda essa dor a consumir de mim, carne. Carne, afrodisíaco das letras, carne. Como se feras fossem, letras a morder, lacerar, dilacerar, lanhar carne. Todas as dores, todos os espinhos buscam carne.
Tumores, escaras, facas, ferrugens no caminho da carne. Ossos, fósseis enterrados em valas, onde nada valem. Carne de santos e prostitutas a alimentar terra, a viciar letras. Carne.
Converter carne em alma, carne em lágrimas, carne em cruz. Cruz a seduzir carne. Dor e autoflagelo, dor e espera. Dor a colorir letras. Letras sangue carmim. Ais, sem fim.
Lamúrias de uma alma a admirar, a escarncecer da carne. Debochada alma, que com carne alimenta dor e com dor alimenta vida.