Da carne...

Toda essa dor a consumir de mim, carne. Carne, afrodisíaco das letras, carne. Como se feras fossem, letras a morder, lacerar, dilacerar, lanhar carne. Todas as dores, todos os espinhos buscam carne.

Tumores, escaras, facas, ferrugens no caminho da carne. Ossos, fósseis enterrados em valas, onde nada valem. Carne de santos e prostitutas a alimentar terra, a viciar letras. Carne.

Converter carne em alma, carne em lágrimas, carne em cruz. Cruz a seduzir carne. Dor e autoflagelo, dor e espera. Dor a colorir letras. Letras sangue carmim. Ais, sem fim.

Lamúrias de uma alma a admirar, a escarncecer da carne. Debochada alma, que com carne alimenta dor e com dor alimenta vida.

Almma
Enviado por Almma em 27/12/2011
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T3408122
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