DEUS EM CARNE E OSSO...
Mendigo opinioso, altivo.
Ergueu-se do banco
e pôs-se a postular aos transeuntes com altiloquência.
Dizia que seu iluminado ser englobava todas pessoas e coisas e,
em tudo, tudo mesmo ele agia e sabia...
Proclamou-se ali, bem naquela praça, deus absoluto do universo.
Em seguida, como é do divino por ordem nas coisas,
já ditava regras:
Desobrigava da necessidade da ave-maria,
pai-nosso, hosanas e que tais.
Desqualificava o pecado e o arrependimento.
Afirmava enfaticamente que era preciso
apenas o sorriso de uns para com os outros;
para realçar a sua glória mais que bastaria...
Foi justo nesse ponto do discurso que me peguei
com uma mínima nesga de fé – será? -
que acabou logo em seguida
quando, inclemente, ele expulsou do reino dos céus
todos os imperialistas norte-americanos...