Dias tristes
Tem dias que a gente acorda triste mesmo. Abre os olhos e parece que falta alguma coisa, que tem algo errado, que talvez nosso objeto perdido esteja mais perdido que nunca.
Hoje eu acordei assim. Mas pensando bem, eu dormi assim, com um sonho trancado dentro do coração. Apertado, ele se debatia, chorava, rangia querendo sair. E eu, o fechando.
Às vezes é preciso guardar o sonho por um tempo, ou pra sempre. Não porque sonhar seja ruim. Não é isso. É que às vezes não poder realizar o sonho dói. Dói muito. Faz chorar, deixa triste. Até que um dia a gente acorda de manhã com um vazio no peito, porque matou o sonho. “– Mas eu não queria matar você! Eu queria viver você...”
E dói o peito novamente porque o sonho sufocou. De tanto lutar para sair do seu coração ele não agüentou a sua resistência, seus medos, sua covardia. Agora, ou melhor, de agora em diante, a lembrança será só mais uma triste lembrança da vida. Mas a dor, ai!, a dor é do mais profundo trauma da alma. Dói, lateja, pulsa dentro do coração, que doído chora... Bate triste, desmotivado, sem cor, pálido... Bate e dói o coração.
E por isso é que tem dias que a gente acorda triste mesmo.