CANÇÃO DOS DIAS
Na permanente canção do tempo nem o temor das perdas amedronta. Sou daqueles da insólita rota: os que ainda fiam-se na esquina próxima, mesmo que cansados de expulsar demônios em seus rotos vestidos angelicais... O que sei de mim se estou de olhos roxos, fumaça criando vultos de ausências? Fogem do cais maduro oxigênios do rio escuro, apenas peixes luminosos. Empolgado de luas, chora o violão: passaporte pra desenhar iluminuras. Dentro de nós, o espírito cochicha a canção das estradas, olhos fitos no conto-esperança. O que teremos visto – em verdade – após o dia seguinte?
– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3292781