UM PEDIDO DE DESCULPAS

UM PEDIDO DE DESCULPAS.

Excusez-moi!

Je vous ai fait mal?

Como se isso bastasse ou fosse o suficiente, para, afastar de mim essa sombra de culpa e amargura que me povoa em contrita vergonha por ter sido demasiado afoito.

Numa tempestiva vaidade emocional, fruto de um calor poético inconseqüente e de uma arrogância pobre, eu me permitiu ferir a tua privacidade de alma, coisa muito tua, muito íntima.

Confesso a minha falta de sensibilidade e habilidade, vaidade essa que, te levaram a um conflito existencial.

Assim me penitencio arrependido, por ter propiciado esse envolvimento dúbio e por te induzir a uma decisão.

Sendo que nem a mereço, principalmente, porque foram impingidas dessa forma tão ousada, primária e petulante.

Não é a minha intenção desdizer o que te disse, porque o que escrevi está escrito, contudo, é contemporizar de forma reverente e respeitosa a maneira como foi colocada.

Evidentemente, tudo foi feito sem “ao menos” me preocupar com a tua existencialidade, num irresponsável arroubo deselegante sem precedente, ao qual me submeti sem pensar em ti.

Nós, os poetas, somos acometidos desses desvarios, extrapolando a força dos sentimentos como se fosse uma represa que se abre sem o menor escrúpulo.

Assim, dando vazão desenfreada e selvagem às nossas emoções, ferindo no seu trajeto inevitável e devastador, as pessoas indefesas e as mais queridas.

Tudo o que escrevi é seguramente efeito de uma emoção verdadeira, antes fosse o resultado de uma empolgação ou um doce engano.

Seria mais fácil retratar-se dado a sua efêmera consistência, no entanto, não é assim.

Por isso, sinto um fardo muito pesado e acabei como um tirano déspota desejando me inserir na tua alma, como um subversivo emocionalmente desavisado querendo implodir o teu coração.

Sou grato pela tua última visita, fiquei impressionado com a tua postura de invejável sensibilidade e compreensão que, me encheu de súbita vergonha.

Não me conformo por esse crasso erro de avaliação emocional.

Tu eras o meu objeto real e, num assombro, te transformei em vítima indefesa da minha impensada estupidez.

Peço-te que não decidas nada, assim sentir-me-ei melhor, aliás, não há o que decidir, todavia, se houver algo a nossa intuição se encarregará tacitamente em descobrir.

Excusez-moi!

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 22/12/2006
Reeditado em 22/12/2006
Código do texto: T325379