TERGIVERSANDO SOBRE O AMOR

TERGIVERSANDO SOBRE O AMOR.

I- Eu fiz retroceder a muralha de angústia que te envolvia, e agora, és livre como uma borboleta de primavera. No entanto, eu caminhei além do desejo e do ato medíocre, numa busca perseverante da substância e da consistência. (Pablo Neruda)

II- Prostrei-me por inteiro, reverente foi a minha obstinação, e agora, olhando para a estrada percorrida, vejo tão somente as folhas secas de um morto e desesperado outono.

III- Quando eu ia a tua casa, movido por um amor ardente, não sabia que o naufrágio já se pressentia de forma ousada e silente.

IV- Numa certa noite em tua casa, sobre o sofá de lindas fantasias - dormindo tu fingias. E eu, sôfrego, de beijos abrasados te cobria e tu lânguida em sexo me envolvias.

V- Não, não baixes a tua cabeça como que esquecida, sei que lembras aquele amor, que para mim era bom e para ti: apenas pensavas que me iludias.

VI- Não mais comungarei amor como esse. O suposto amor que outrora existia, evolou-se. E agora, afoita fizeste a ingrata curva por onde ele passou. Hoje, estou partindo das tuas mãos que para mim foram frias e vazias.

VII- Tergiversavas sobre o amor e a liberdade. Um esbulho de sentimentos que não querias e nem sabias. Mas o destino foi mais forte e nos uniu e, para espanto meu, de efêmero se partiu.

VIII- Nada em ti era real, tu eras um súcubu na carne à procura de um súbito orgasmo, mas na tua alma dormiam demônios loucos e líquidos que te possuíam. Venceram os demônios! E o súcubu ardente me transformou em pélago infinito de frieza, indiferença e piedade.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 22/12/2006
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