LAMENTO OBSTINADO

LAMENTO OBSTINADO.

I- Vivo a turva embriaguez do amor, e também me naufrago em ti num mergulho infinito, assim como outrora fazia submerso no amor para colher às algas em teus pés.

II- Ó mulher magra, para quem ficarão os teus seios, duas pequenas amoras, as torres sensuais da tua íntima soberania?

III- As juras de amor, os obstinados esforços para a consecução do prazer, a tua graça e os teus beijos insistentes para quem ficarão?

IV- Quando a senectude vier do norte inescrutável, quem te fará lembrar os momentos de arrulhos, a carícia plena e a insistente procura do prazer realizada em teu corpo que fora ineficaz na sabida entrega?

V- Lamento como o vento em noite solitária, em não saber que eras uma doente e, ao mesmo tempo, saber-te incapaz na realização do prazer e do gozo. A frustração será um duro fardo obsessivo, até que compreendas a fragilidade e a ineficácia congênita que te persegue.

VI- Partirás irreverente de aventura em aventura, e assim, somente colherás fúteis amores e dolorosas piedades que te levarão rápido a frias angústias.

VII- A tua insensibilidade e a pretensa praticidade exercida, serão os frutos amargos que ceifarás no apocalipse final da tua vida.

VIII- Obstinado pela tua perfídia obscureceu em mim todo o amor que alimentava por ti, e o tempo de forma inevitável se encarregará de retribuir todos os males advindos da tua inconseqüente e desavisada visão do verdadeiro amor.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 20/12/2006
Código do texto: T323588