CINCO LÁGRIMAS VERTIDAS

CINCO LÁGRIMAS VERTIDAS.

(Em busca da evidência)

Não fui para o interior como havia planejado, fiquei no interior de mim mesmo, transitando no mediterrâneo, o mais que interno da minha vida.

Aliás, um mar mui responsável pelas últimas ondas, verdadeiras vagas confusas de uma emoção vivida.

Tem este poema uma forma de prosa, contudo na sua essência há um vestígio de tênue elegia, emaranhada na sua composição literária que não chega a ser plangente.

É também um poema etimológico e emocional, que se atem ao significado íntimo de cada palavra, analisando-a em sua estrutura própria e nas expressões que contém ou que querem dizer.

Farei uma analise sumária de cinco expressões usadas por ti, e que se diga a bem da verdade, sabidamente usadas. Onde a subjetividade emocional quase aflora em objetividade real, muito evidente nas frases curtas, mas de longo alcance.

Por isso batizei este poema com o título de “Cinco Lágrimas Vertidas”, que nesta interpretação analítica nada mais é senão as cinco expressões usadas por ti, e escolhidas por mim e tiradas das tuas cinco mensagens, por isso, eu te faço madrinha mãe deste poema.

Para cada uma delas eu verti uma lágrima e um sorriso, hoje as lágrimas cessaram, mas o sorriso ainda está comigo e espero permanecer com ele para todo o sempre.

Agora, atenho-me às tuas expressões, as cinco lágrimas deste poema, iniciarei querendo obedecer a uma lógica, muito embora não haja lógica para os desfechos emocionais, senão vejamos:

(A)- “existe nesta distância física um quê de magia e encantamento, que temo desaparecer com uma aproximação”.

O termo magia e encantamento, eu já te disse que foi à forma, que tu escolheste subjetivamente para te inserires na minha imaginação poética. (a insustentável leveza do ser).

Traduzindo: Foi mais do que formal a tua apresentação dizendo-me que, estavas envolvida por esse clima misterioso, e que de certa forma, te despertou para um sentimento novo.

Entretanto, existe um medo muito aparente em ti na expressão, “temo”, deduzo por configuração lógica que, esse medo, essa cautela, seja talvez o resultado de uma experiência não satisfatoriamente vivida.

A aproximação para ti funcionaria como um desencanto, uma forma de decepção, fazendo recordar de uma vivência não verdadeira, que te deixou seqüelas profundas, dando lugar somente a uma indecisão confusa que tolhe as tuas reais emoções numa repressão irracional.

(B)- “uma criatura com uma luminosidade suave, penetrante, capaz de refletir um sentimento confuso e inexplicável”.

Disseste muito bem, faço das tuas palavras as minhas.

Se não fosse revestido de uma característica real, esse sentimento não faria sentido algum. E a tua expressão “segunda lágrima” não traduziria tão bem o envolvimento, por isso, foste sem sombra de dúvidas de uma pronta e rara assertiva.

Realmente, esse sentimento é por sua origem, único, confuso e inexplicável e, se tentássemos explicá-lo racionalmente, por certo, não conseguiríamos. Mas como se trata de emoção, ela por si só se explica entre confuso e inexplicável.

(C)- “o quê ambos têm em comum, os sonhos ou quem sabe uma procura e uma espera”.

Esta expressão é de uma profundidade existencial que suscita sobremaneira um desejo, ela já não é mais subjetiva e tende claramente a um objetivo, por isso, impões duas condições tácitas: a procura e a espera.

Pela procura estamos dando os primeiros passos cautelosos é claro, acredito que venhamos a superá-la, embora ainda apresente algum sintoma de duvidosa rejeição e repressão.

Talvez seja o efeito do exposto na “primeira lágrima”, todavia acho muito coerente.

A espera será o tempo percorrido pela procura, e se não houver percalços de última hora, como o surgimento de um fato novo que venha lhe modificar a essência, aí então tudo será real.

Só um sentimento puro sobrevive às nuanças da procura e da espera, caracterizado na persistência e na origem de caráter definitivo e em evidências lógicas do verdadeiro.

Tudo na vida é muito dinâmico e, dado a essa dinamicidade, os valores, as posições tomadas, são provisórias e mutáveis.

(D)- “estranhamente tu habitas dentro de mim de uma forma tão íntima, como alguém que há muito procurava, alguém que me vem em pedacinhos”.

Foi nesta “quarta lágrima” que se fez caminho para mim, por onde me enveredei para chegar a ti por inteiro e não em pedacinhos. De certa forma, eu escrevi o que escrevi.

Aqui pensei definitivamente harmonizar esse envolvimento, dado à sua suscetibilidade de expressão, quis fazer-me por inteiro, pois “como alguém que há muito procurava” é sem sombra de dúvidas um passaporte tentador à aproximação, entretanto pequei pela empolgação.

Outras considerações já estão presentes no “confiteor”, que agora o considero indevido.

(E)- “Uma admissível estrela carinhosamente fixa em um possível cometa”. (jamais errante)

Conforme Aurélio Buarque Holanda Ferreira:

Admissível é igual à admissão e

Ato ou efeito de admitir

Aceitação, aprovação, acolhimento.

Ingresso, entrada.

Possível.

Que pode ser. Acontecer ou praticar-se.

Do ponto de vista lógico, que não implica contradição.

Do ponto de vista moral, o que não contraria nenhuma norma moral.

Eu sei que isto é desnecessário para ti, serve apenas para chamar a atenção para a abrangência das palavras.

Elas foram muito bem empregadas, por tudo isso, eu pensei estar trilhando em caminho certo e não ceifando em trigal alheio.

Não vou mais me alongar nesta exposição, posso estar sendo inconveniente.

Fiz esta análise com o intuito de me convencer que, tinha razão suficiente para alimentar esse sentimento, em função de uma emoção que teve a sua origem fundamentada em clima verdadeiro.

Acho que defendi bem a minha tese sem a arrogância acadêmica de querer prová-la, por isso, submeto a tua apreciação, pois tu és a madrinha mãe deste poema.

São os meus olhos vestidos com a tua ternura, não que assim eu os queira ou assim os desejasse, mas para encanto meu e desta forma eles vêem.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 20/12/2006
Código do texto: T323352