Debaixo do arco-iris
O sol pingando gotas de luz,
vestindo as roupas multicoloridas do arco-iris,
resvalou imponente beleza irreverente!
Era chuva na chuva lavando-se,
quando roçou o meu pescoço carente
tua língua de fogo, nervosa e ardente,
fazendo tremer o sol de ciúmes
do seu recanto excêntrico.
Fios iluminados curvilíneos do arco-iris
escorregavam em coloridas linhas abauladas,
que leite de Ambrósia escorria
na lagoa incandescente de meus sonhos,
ardentes pelo teu sol interior dentro de mim se afundando,
como um sol do céu se deitando no horizonte.
Eram alamedas coloridas rasgando o cosmo,
atirando escadas de luz e flores,
entre tranças cadentes despencando molhadas
sobre nossos corpos de nudez impensada,
até que meus olhos se perderam na passarinhagem misteriosa,
impregnada de amor até os ossos
e se fecharam para a alma abrir asas, olhos e boca,
e afinar os sentidos brandos e sensíveis,
na troca de peles mais ousada que há:
vestimenta nova com cara de folhas,
raízes, águas e areias,
brotando emoções primitivas.
Montanhas, mares, céus e terra se misturaram,
tudo se condensou num abraço de carne e sangue,
o sol másculo no teu corpo de homem recendia desejos,
gesticulava por uivos de lobo
e afagos de anjo à tenra ovelha.
Foi então que minha intimidade vulcânica acordou
e misturou suas chamas aos raios que o sol pingava
e a terra não mais girou, nada ao redor se moveu,
quando nos adentramos e explodimos,
tranfigurando-nos em uma canção amorosa
de fazer inveja à melhor orquestra de balbúcios sensuais
que alhures possa existir.
Santos-SP-18/12/2006