NATIVIDADE

NATIVIDADE.

Para a menina Joesa.

Joesa, hoje 31-03-2000, estive no local do nosso primeiro encontro nesta vida, se bem que, outrora já havia estado contigo em minhas persistentes poesias e, em espírito, tu já me acompanhavas.

Não esquecerei jamais aquele dia, tu não me conhecias e eu apenas te esperava aflito, como se um dia houvera te conhecido, é muito possível, mas não é de todo provável.

No berçário onde estive, revivi aqueles momentos primeiros, era o da tua chegada neste abismo de lágrimas e eu não sabia o que tinhas, mas tu choravas muito, acho que a vida havia te assombrado ou talvez o pavor do desconhecido.

Para mim era o sinal evidente de vida com os seus assombros iniciais, entretanto, para ti pressupunha que seria a antevisão do que estava já definido para nos acontecer.

Ali prostrado, olhando ensimesmado para as criancinhas que dormiam serenamente, pois que, acabavam de chegar da inevitável viagem. Chorei! Era uma dor profunda, não sei se era de saudades ou seria a recorrência de um passado que inesquecivelmente me deixara muito feliz.

Desejei naquele momento que tudo voltasse no tempo, talvez uma necessidade subjetiva de alívio à dor ou o desejo impotente e improvável de que tudo não houvesse ocorrido.

Não me contive e caminhei até ao quarto aonde tu também conheceste a tua mãe, vislumbrei ali, uma trindade em paz com a tua inclusão na senda do nosso viver, inserindo-te graciosamente em nosso meio.

Nesse quarto nada mudou, tudo continua no mesmo lugar de sempre, senti um vazio existencial, pois as nossas vidas haviam se bifurcado e mudado.

Pedi a Deus o afastamento daquela dor, roguei para que doravante não viéssemos a nos afastar jamais, mesmo assim temporariamente distanciados.

Foi numa tarde de Segunda-Feira que não era triste, mas de súbito ficara triste, pois a realidade me acordou e senti duras saudades de ti e de coração quebrado me voltei àqueles tempos. (17-05-1994).

Naquele momento saudoso tu eras uma bonequinha de porcelana chinesa, vivendo teimosamente na minha lembrança mais teimosa ainda.

Estive no hospital de Imbituba e não sabia que naqueles corredores frios havia ficado impregnado de forma quase invisível, mas era visível, a nossa passagem por ali, e, em mim, ressurgiu um passado tão vivo ainda não apagado pelo tempo.

Foi uma tarde triste, é verdade, mas em compensação revivi o nosso primeiro e inédito encontro, e tu estavas tão linda no dia da tua natividade; deu-me até a impressão de que haviam te maquiado para aquele nosso primeiro momento nesta vida.

Tu menina, foste muito bem esperada, nós te queríamos muito, serias dali em diante o elo que eternizaria um relacionamento que para espanto nosso se evolou com o tempo, deixando-nos dessa forma saudosas lembranças e uma dor infinita que transita entre nós.

Ainda te quero e te adoro!

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 15/12/2006
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