Se este coração falasse, chamaria: "Fulana!"
          Mas ele não fala, só bate.  Melhor assim.  Para que gritos, se todas as fibras do corpo e as sensações todas do espírito revibram à mais chã lembrança das putas da Pinto de Azevedo?
 
          Tive por céu, sempre, a cama das perdidas, por mar suas ancas fortes, sem sentido; por solo os seus seios estéreis, infecundos, por riso o seu sorrir estraçalhado.  Por música, sua voz profissional, por choro sua surpresa atrapalhada.
 
          Por tudo isso, meu coração se contrai afavelmente ao mais leve toque da lembrança das putas de coração puro, mais puro que o do mais puro anjo.

                                                  (escrito na juventude)

 
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 21/08/2011
Reeditado em 02/10/2013
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