NÓS

O fogo me rege e o ar que me acende é você.

Este ar que ainda não permite que sejamos nós. A combustão, o crestar mais o fogo! Por nós, eu andaria sobre chamas...

Eu chamo pelo seu nome sempre, não o invoco nunca. Não quero criar o vínculo nomeado, mas o desnomeado. Não quero usar pronomes pessoais, nem de tratamento.

Quero te tratar como bicho. Eu domador de você que é fera. Leão no picadeiro do circo. Eu a te mimar como urso de pelúcia.

Caminho sobre ruínas, te vejo pedra, reino mineral. Altiva e poderosa. Sabe lá quantas sedimentações para que eu topasse com você tão sólida e inteira? Levo a rocha pra casa, um cristal que emana o positivo. O que seria mais positivo do que nós?

Fomos pela floresta, não deixamos migalhas, não tem caminho de volta, só ida. Existem também uns atalhos pra coroar nossa abertura e delicadeza por termos adquirido um novo conhecimento ou uma low-cura...

Personificamos a loucura-nós no natural.Nós sem habitat sufocamos.

Asfixia! Quero ouvir música, aquela que flui-nós, que contagia e entra pelos poros e os remexe e nos faz dançar. Dança: mágico movimento de humanos...

Eu não alcanço nossa dissociação, unha-carne, pele-osso, pálpebra-olho. Esse hífen é a liberdade.

Liberdade de você usar unha curta, comprida, pintada e a carne continuar te envolvendo. Liberdade de você expor sua pele ao sol, ao vento e o osso permanceer te sustentando. Liberdade com disponibilidade de você ser, de eu ser, para sermos nós!

Do uso da liberdade sinto que vem a saudade, que não sei se é colorida ou preta e branca. Não a saudade é sem cor nenhuma. Ela é neutra, comporta e cria um espaço tão grande, quando a gente se dá conta, ela já se manifestou.

A saudade me trará de novo sua presença, como se fosse a primeira vez que eu te visse. A saudade renova.

Acho ótimo que nos queiramos tanto, posto que o desejo enlarguece, a paixão esgarça talvez para outras formas...

Esse desejo de que falo, é uma pesca, com que se fisga a alma. E como não há saída o comprovamos através da branca carne e do sexo vermelho.

O SEXO É NÓS!

Helena Istiraneopulos
Enviado por Helena Istiraneopulos em 12/12/2006
Código do texto: T316502
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