O ENCANTO DE UM SONHO

O ENCANTO DE UM SONHO.

Poema para Bety Mendes.

Essa noite que passou, eu vivi um sonho, ele foi muito rápido assim como todos os sonhos.

Mas nesses segundos parecidos com uma eternidade, tu estavas habitando o meu sonho de forma grácil, lépida e amorosa.

Fiquei confuso, pois o sonho nada mais é do que uma janela do inconsciente que se abre de forma inexplicável, onde estão gravados todos os nossos impulsos emocionais, inclusive os desejos reprimidos.

No entanto, fiquei feliz por saber que tu já fazes parte do meu inconsciente, é claro que, fui eu que deixei conscientemente tu entrares ali.

Trânsfuga mulher, porque estás a transitar pelos meus sonhos?

Será que o destino, esse desconhecido caminho está querendo redesenhar as nossas vidas?

Em mim nada obsta que se redesenhe a minha vida, especialmente num sonho, pois através dele poderemos chegar a uma realidade.

Os sonhos também podem ser frêmitos das almas querendo se comunicar, daí a querência delas em usar esse canal sutil e indizível dos sonhos.

Eu sou como um cais solitário na madrugada e, obstinado em silêncio, espero que uma nave se atraque docemente cheia de esperanças.

Sempre sonho com essa nave e vejo os seus porões carregados de uvas silvestres, donde emana um aroma indefinível e embriagante.

Depois vejo sereias cantando e se deliciando com os cachos rubros, e que num passe de mágica se transformam em um inebriante vinho.

Bebo da taça que uma sereia de nome Bety-Marinha me oferta.

De repente, ela me desperta com o seu encanto, e eu sou acordado com um sabor e um sentimento de paixão, igual àquelas que eu tinha na adolescência imatura.

Santo Deus!

Como os sonhos se prestam melhor para a existencialidade, do que essa dura e fria realidade que temos de nos defrontar sem grandes escolhas.

Simplesmente te amei nesse sonho e tive a desilusão de saber não ter sido uma realidade.

Eráclito.

29.11.06

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 12/12/2006
Código do texto: T315941