A luz dos teus olhos
Oh, amado meu, trago comigo
o impudor da juventude que rebenta o êxtase pagão,
o frêmito vibrante de liberdade,
a fome da minha alma doida por amar-te,
tudo juntei à volúpia dos beijos que te darei
e à fúria viciosa dos abraços de mil asas
e unhas de um sol que jamais dorme, jamais apaga,
apenas espreita o sublime amor que me consome.
Meus sonhos despertos, sóis brancos,
com sonífero delicado e adocicado
às nuas névoas sidéreas me levam
e lá me deixam ansiosa, na tocaia,
bem quieta, soltando perfumes de isca a ti,
com a alma ardendo no coração
ansioso de ser a caça orgasmicamente caçada
pelo meu caçador amoroso.
A mensageira "candura",
atalaia fiel dos meus pensamentos,
te levará a chave secreta do paraíso dos nimbos,
e neste instante, amor, ouve meu canto pagão,
beba-me como se fosses o vento selvagem,
tirando-me ávido das mãos do oceano
e vê as violetas que tenho nos olhos de lua,
boêmios devassadores, vagabundos,
forasteiros do sonho, loucos pelos teus.
Quando cismava, ria e cantava
e também sonhava que era a amada escrava
de um amor como nunca, desde sempre deflorando meu ser,
no tempo em que o pó sidéreo me fabricava,
jurada ao teu amor imortal,
lágrimas na alma se resguardaram
e hoje revivescem meu rosto de ninfa
e meu colo de úmidas relvas.
A luz dos teus olhos, olhos do amor,
os meus trazem cativos e doidamente possuídos,
transfigurou minhas guerras sangrentas,
minhas dúvidas enigmáticas, meus ais doridos,
que hoje brindo com vinho erótico,
sobre teu corpo onde resvalo.
Santos-SP-11/12/2006